Marine Le Pen usa Patrick Drahi como arma contra Macron
Os alegados favorecimentos do ex-ministro da Economia ao grupo Altice chegaram à retórica de campanha da líder da Frente Nacional.
À medida que as sondagens colocam o candidato centrista Emannuel Macron cada vez mais confortável numa segunda volta nas eleições presidenciais francesas, a líder da Frente Nacional procura argumentos que desfaçam a credibilidade do seu concorrente, ex-ministro da Economia. E é aqui que o empresário franco-israelita Patrick Drahi, dono da Altice, entra no discurso de campanha de Marine Le Pen.
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À medida que as sondagens colocam o candidato centrista Emannuel Macron cada vez mais confortável numa segunda volta nas eleições presidenciais francesas, a líder da Frente Nacional procura argumentos que desfaçam a credibilidade do seu concorrente, ex-ministro da Economia. E é aqui que o empresário franco-israelita Patrick Drahi, dono da Altice, entra no discurso de campanha de Marine Le Pen.
É que segundo Le Pen, um dos calcanhares de Aquiles do fundador do movimento En Marche! é precisamente a sua suposta falta de independência face aos grandes grupos económicos. Emmanuel Macron “não é um candidato independente, é o candidato dos grandes poderes financeiros” e “é apoiado de maneira massiva por gente a quem fez favores enquanto foi ministro”, dizia Le Pen no início deste mês, aos microfones do canal parlamentar francês LCP. “Penso evidentemente no sr. Drahi, patrão de um grupo de media muito importante”, frisou a líder da Frente Nacional.
Enumerando os órgãos de imprensa, televisão e rádio detidos pela Altice, como o Libération, o L’Express, a BFM TV ou a RMC, Marine Le Pen afirmou que “o apoio a Emmanuel Macron nestes meios quase dá vontade de rir, de tal maneira é grosseiro”.
Confrontada pelos jornalistas com a possibilidade se estar valer de uma alegada “teoria da conspiração”, Le Pen contrapôs com a “existência de factos”. É que se o antecessor de Macron na pasta da Economia (Arnaud Montebourg) se opôs à compra da operadora móvel SFR pela Numéricable (a empresa de cabo de Drahi), bastaram “apenas alguns dias, apenas alguns dias!”, depois de Macron ter chegado para que o empresário pudesse avançar com o negócio, sustentou a candidata da extrema-direita.
Na semana passada, Patrick Drahi voltou a ser usado como arma de arremesso no telejornal da TF1, o canal com mais audiência em França. O tema era a economia e, em concreto, a saída da França da moeda única. Em entrevista, a candidata da Frente Nacional explicava ao jornalista Gilles Bouleau que seriam os grandes grupos económicos quem teria “algo a perder” com as eleições. Entre eles, “as grandes potências económicas e os grandes grupos de media que foram favorecidos” por Macron. “É o caso do sr. Drahi, que pôde comprar a SFR graças ao sr. Macron”, concretizou Le Pen, para que não restassem dúvidas.
Para lá do discurso de campanha da extrema-direita, não é a primeira vez que se bate na tecla da proximidade entre a Altice e o candidato centrista. Também não passou em branco em alguns meios de comunicação franceses quando, no final do ano passado, o ex-banqueiro da Morgan Stanley que ajudou Drahi a concretizar a compra da SFR, Bernard Mourad, se tornou no conselheiro de Macron para os assuntos económicos e financeiros. Segundo a imprensa francesa, Mourad, que também presidiu durante algum tempo ao grupo de media da Altice, é amigo de Macron há 15 anos.