Câmara quer alargar o programa para 180 casas até 2018
A Câmara Municipal de Lisboa pretende que o projecto Housing First, inspirado no modelo surgido nos Estados Unidos nos anos 90 e que é já aplicado em vários países, se alargue e abranja 180 casas até 2018 (o investimento previsto para 2016/2018 é de 980 mil euros).
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A Câmara Municipal de Lisboa pretende que o projecto Housing First, inspirado no modelo surgido nos Estados Unidos nos anos 90 e que é já aplicado em vários países, se alargue e abranja 180 casas até 2018 (o investimento previsto para 2016/2018 é de 980 mil euros).
O programa – que se iniciou em Portugal com a AEIPS – Associação para o Estudo e Integração Psicossocial, em 2009 (para pessoas com doença psiquiátrica), e foi depois adoptado pela associação Crescer, a partir de 2013 – mostrou ter “custos equivalentes ou até menores” do que outras respostas existentes para o problema das pessoas sem-abrigo, afirma João Afonso, vereador do pelouro dos Direitos Sociais.
O Housing First – que no caso da AEIPS se chama Casas Primeiro e no da Crescer, É Uma Casa – contribui de forma mais eficaz para a integração porque dá aos beneficiários “um nível de autonomização e de dignidade muito superior” ao dos centros de alojamento.
Enquanto estes têm custos fixos de manutenção dos espaços e das equipas que garantem durante 24 horas o acompanhamento dos utentes, a limpeza, a alimentação, as equipas do Housing First têm uma maior flexibilidade no apoio que dão a pessoas alojadas nas suas próprias casas. Além disso, sublinha João Afonso, este programa é “mais adaptado ao problema dominante específico de cada pessoa” que pode ser de toxicodependência, de ruptura familiar, de perda de emprego.
Enquanto o foco do AEIPS são as pessoas com problemas psiquiátricos, o da Crescer são situações de permanência muito prolongada na rua – “casos que eram considerados irresolúveis”, sublinha o vereador e para as quais os centros de alojamento não constituíam uma resposta. Tanto nuns casos como nos outros, os beneficiários “têm hoje vidas estabilizadas, relativamente autónomas e com participação nos programas que lhe vão sendo propostos”.
O aumento para as 180 casas significa uma aposta da Câmara, mas João Afonso explica que, apesar de esta ser uma solução “que vai ter um peso mais relevante” na política para os sem-abrigo, não pode ser a única. É preciso ter vários tipos de resposta, entre as quais um modelo intermédio que já existe e que a Câmara vai também promover como programa municipal, que é o dos apartamentos partilhados.
Estes destinam-se a “pessoas que estabeleceram entre elas uma relação de confiança nos centros de alojamento, por exemplo, mas que não se sentem bem sozinhas” e que podem beneficiar de um alojamento apoiado por um período de tempo que lhes permita a transição para outra situação mais permanente.
O objectivo da Câmara é também reduzir a dimensão dos centros maiores, como o do Beato, transferindo alguns utentes para programas como o dos apartamentos partilhados ou o Housing First. A.P.C.