Um Carnaval pegado de Norte a Sul
Desde tradições pagãs a desfiles menos tradicionais de samba, em todos os cantos de Portugal se celebra o Carnaval. A festa já começou, e na maior parte das localidades, dura até terça-feira.
De Loulé a Lazarim, passando por Torres Vedras ou Ovar, não faltam carnavais para todos os gostos. É o caso do de São Miguel, Açores, onde se vive a época alta para “assaltos”. Só que os invasores, em vez da meia na cabeça, escondem a cara com máscaras de todas as cores e feitios. E em vez de furtarem, trazem tudo o que é preciso para fazer uma festa. Nesta tradição, só se “rouba” o sossego. "Escolhia-se uma vítima, uma pessoa que tivesse uma casa e pudesse organizar um baile com comes e bebes. Batia-se à porta, normalmente a horas inconvenientes, e entrava aquela mascarada toda. O proprietário da moradia ficava espantado, mas depois aceitava a brincadeira e a festa durava", conta, à agência Lusa, Carlos Melo Bento, divulgador da história açoriana. Agora, também esta tradição, avisa, está já a desaparecer. Mas não deixa de haver folia, como é o caso dos tradicionais bailes no Coliseu Micaelense, que duram há muitas dezenas de anos.
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De Loulé a Lazarim, passando por Torres Vedras ou Ovar, não faltam carnavais para todos os gostos. É o caso do de São Miguel, Açores, onde se vive a época alta para “assaltos”. Só que os invasores, em vez da meia na cabeça, escondem a cara com máscaras de todas as cores e feitios. E em vez de furtarem, trazem tudo o que é preciso para fazer uma festa. Nesta tradição, só se “rouba” o sossego. "Escolhia-se uma vítima, uma pessoa que tivesse uma casa e pudesse organizar um baile com comes e bebes. Batia-se à porta, normalmente a horas inconvenientes, e entrava aquela mascarada toda. O proprietário da moradia ficava espantado, mas depois aceitava a brincadeira e a festa durava", conta, à agência Lusa, Carlos Melo Bento, divulgador da história açoriana. Agora, também esta tradição, avisa, está já a desaparecer. Mas não deixa de haver folia, como é o caso dos tradicionais bailes no Coliseu Micaelense, que duram há muitas dezenas de anos.
Mas para quem, além de dançar, gosta de gastronomia e tradição, há o Carnaval de Bragança. Até hoje celebra-se o Festival do Butelo e das Casulas, e a brincar a brincar, há uma maneira de perder as calorias acumuladas. É que os Caretos, de chocalhos à cintura e bandoleiros com campainhas, também já percorrem estas ruas. Conhecidos por ter o diabo no corpo e assustar as raparigas solteiras e os outros visitantes, correm, saltam, dançam ao som de músicas tradicionais.
Também em Podence, uma aldeia de Macedo de Cavaleiros, esta tradição está viva e recomenda-se. A festa de Carnaval dos Caretos já faz parte do Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial e o grupo etnográfico já teve várias participações internacionais noutros Carnavais e até na Dineyland Paris.
Em Lazarim, uma aldeia perto de Lamego, os caretos também saem à rua, mas desta vez vão acompanhados de senhoritas. Os muitos artesãos da vila esculpem máscaras carrancudas em madeira, feitas em madeira de amieiro, e desfilam-nas pelas ruas da vila. Na terça-feira, eles podem vingar-se delas e vice-versa. Lêem-se as críticas acumuladas ao longo do ano em forma de lengalenga satírica. Depois, todos os pecados são perdoados e segue-se a última ceia carnavalesca, onde não pode faltar a feijoada e o caldo de farinha. Neste sábado, realiza-se também a rota do Entrudo, num percurso pelas Máscaras de Lazarim para admirar paisagens características da aldeia e contactar com as histórias e tradições que as populações locais guardam.
Nas Cabanas de Viriato, em Carregal do Sal, não se samba. Numa tradição com mais de dois séculos, a “dança grande” acabou por evoluir para a “dança dos cus”. A coreografia é simples: os pares, divididos em duas filas, ao terceiro compasso da música, viram-se para o centro e chocam os traseiros. Este desfile acontece na segunda e terça-feira.
Suas Majestades, os Reis do Carnaval
“Trapalhão”, “satírico” e “muito divertido”, assim é o Carnaval das Caldas da Rainha que promete não poupar “nenhum figurão”. Este ano houve um casting para encontrar um rei e uma rainha, que dessem vida às conhecidas personagens Zé Povinho e Maria
Em Torres Vedras, também se elege os “monarcas da folia”, que, num momento “solene”, de forte sátira, recebem as Chaves da Cidade, das mãos do presidente da Câmara Municipal. A partir daí, os destinos de Torres Vedras ficam nas mãos de Suas Altezas Reais folionas, sempre dois homens. A cidade conseguiu organizar um desfile que, segundo a organização, é “provavelmente o maior desfile escolar do país” - reuniu mais de 8 mil “jovens foliões”, dos 78 estabelecimentos de ensino do concelho e foi visto por mais de 30 mil pessoas.
E depois há Loulé, com os seus cortejos. E mais... muito mais. O que interessa nestes dias é a diversão. Com ou sem máscaras.
Texto editado por Ana Fernandes