Idosos estão duas vezes mais desnutridos em lares do que em casa

A idade mais avançada de quem vive em lares é uma das explicações.

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Em 2015 viviam em Portugal 2,1 milhões de idosos Nuno Ferreira Santos

Em média, os idosos que vivem em lares estão duas vezes mais desnutridos (ou em risco de desnutrição) do que aqueles que vivem em casa. A conclusão é do estudo PEN-3S: Estado nutricional dos idosos portugueses, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e que esta quarta-feira é citado no Diário de Notícias. O estudo debruça-se sobre uma camada da população que, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, contava 2,1 milhões de idosos em 2015.

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Em média, os idosos que vivem em lares estão duas vezes mais desnutridos (ou em risco de desnutrição) do que aqueles que vivem em casa. A conclusão é do estudo PEN-3S: Estado nutricional dos idosos portugueses, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e que esta quarta-feira é citado no Diário de Notícias. O estudo debruça-se sobre uma camada da população que, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, contava 2,1 milhões de idosos em 2015.

Estudos internacionais mostram que nos lares a percentagem de idosos desnutridos é de 21%. Por outro lado, mais de metade (52%) estão em risco de desnutrição. Já os que vivem em casa apresentam valores mais saudáveis. Em casa, os níveis de desnutrição descem para 4,2%. O mesmo acontece com o risco de desnutrição, que ronda os 27%.

Os resultados portugueses são semelhantes na tendência, mas com percentagens menores. Cerca de 5% dos idosos em lares estão em situação de desnutrição, enquanto 38,7% estão em risco de desnutrição (43,5% no total).

Em casa, estes valores descem para os 0,6% (nos valores de desnutrição) e 16,9% (risco de desnutrição). Somando as duas variáveis o valor de desnutrição em casa ronda os 17,5%, menos 26 pontos percentuais em relação ao mesmo cálculo para os idosos a viverem em lares.

Além disso, as taxas de depressão são mais elevadas para quem vive em lares. Uma das causas poderá ser a diferença de idades destes dois grupos, uma vez que, regra geral, os idosos nos lares são mais velhos, mais dependentes e mostram mais sinais de depressão, cita o estudo.

"A prevalência de malnutrição aumenta com a idade e nos lares em média os idosos são mais velhos do que os que estão na comunidade. Também nos lares a prevalência de depressão e dependência – os dois indicadores aumentam de forma significativa a malnutrição, influência válida para lares e para a comunidade – é superior. Isso pode explicar porque nos lares há mais casos de desnutrição e risco de desnutrição", explica Teresa Madeira, investigadora da Faculdade de Medicina de Lisboa, em declarações ao DN.

"Não é por estar no lar que o idoso está pior", sublinha. "Não sabemos como é que estas pessoas estariam se vivessem em casa, mas podemos colocar a hipótese de que estariam piores se não tivessem cuidadores para preparar as refeições, fazer as compras, cozinhar, suporte que o lar oferece".

O estudo testou ainda um sistema informático que permite detectar idosos em risco de malnutrição, de forma a serem encaminhados para consultas especializadas para avaliação das causas e evitar uma situação grave de doença, que vai ser aperfeiçoado.

A actual lei não prevê a existência de um nutricionista do quadro do pessoal dos lares, mas o presidente da Associação de Apoio Domiciliário de Lares e Casas de Repouso de Idosos, João Ferreira de Almeida, destacou ao DN a sua importância. "Faz todo o sentido uma colaboração que pode ser uma consultadoria, em vez de ser um elemento nos quadros, para a elaboração de ementas dirigidas às necessidades de cada idoso, que podem ser muito diferentes".

Os idosos chegam hoje aos lares “com mais idade, com mais doenças e doenças mais graves, com maior dependência e demência" em comparação com o que acontecia há nove anos, acrescenta.

O estudo foi financiado pelo fundo EEA Grants e que contou com uma amostra de 2296 idosos (com e mais de 65 anos), cerca de metade a residir em lares e os restantes em casa, representativa da população idosa em Portugal. Foram excluídos do inquérito idosos acamados e com demência grave.