Abrantes acabou de fazer 101 anos e já só pensa no futuro
Uma cidade rodeada de património mundial da humanidade (e já depois de soprar as velas dos cem anos) quer fazer a diferença pela contemporaneidade, venha ela de que arte vier.
Assim que lhe chegou uma carta remetida por Fernando Figueiredo Ribeiro a propor-lhe o empréstimo da sua colecção de arte contemporânea, Maria do Céu Albuquerque não perdeu um segundo até garantir para a Abrantes a cedência de um acervo de cerca de 1800 obras de alguns dos mais conceituados artistas nacionais dos últimos 40 anos. Alguém na câmara leu essa mensagem e transmitiu-a à presidente: “Não sei se queres que lhe responda... a dizer obrigada.” Maria do Céu Albuquerque: “Eu não quero que lhe responda, quero é falar directamente com ele.” E falaram, em Dezembro de 2015. Em Junho de 2016, presidente de câmara e coleccionador estavam a assinar um contrato válido por dez anos, que transformará a galeria municipal da cidade num espaço com maiores ambições e rebaptizado como Quartel — Galeria de Arte Contemporânea de Abrantes/Colecção Figueiredo Ribeiro.
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Assim que lhe chegou uma carta remetida por Fernando Figueiredo Ribeiro a propor-lhe o empréstimo da sua colecção de arte contemporânea, Maria do Céu Albuquerque não perdeu um segundo até garantir para a Abrantes a cedência de um acervo de cerca de 1800 obras de alguns dos mais conceituados artistas nacionais dos últimos 40 anos. Alguém na câmara leu essa mensagem e transmitiu-a à presidente: “Não sei se queres que lhe responda... a dizer obrigada.” Maria do Céu Albuquerque: “Eu não quero que lhe responda, quero é falar directamente com ele.” E falaram, em Dezembro de 2015. Em Junho de 2016, presidente de câmara e coleccionador estavam a assinar um contrato válido por dez anos, que transformará a galeria municipal da cidade num espaço com maiores ambições e rebaptizado como Quartel — Galeria de Arte Contemporânea de Abrantes/Colecção Figueiredo Ribeiro.
Em conversa com o Ípsilon, depois de lembrar o primeiro impacto (positivo) que lhe causou esta carta — enviada pelo coleccionador de Lisboa a outros 23 municípios —, a autarca socialista, que vai recandidatar-se este ano a um novo mandato, desfiou os vários projectos que tem em mente (e outros que tem em curso) para tentar injectar em Abrantes uma dinâmica em torno da cultura. No ano passado, que foi de comemoração do centenário de elevação a cidade, para além de ter ficado com a guarda da Colecção Figueiredo Ribeiro, Albuquerque acordou com a Fundação Serralves uma parceria que prevê a criação de um plano bianual de actividades para “aproximar as populações e entidades locais à arte, à cultura, à sensibilização ambiental e às indústrias criativas”. A autarca, que intercala um discurso metódico com outro mais à flor da pele, não tem dúvidas de que é pela arte contemporânea que Abrantes pode vir a fazer diferença (“na economia local, na fixação de pessoas, na qualidade de vida”), sobretudo porque está numa região dominada por cidades com Património Mundial (Tomar, Batalha e Alcobaça). Mas para lá da competição regional, Maria do Céu Albuquerque quer ganhar o seu espaço à escala nacional, tentando levar para a cidade visitantes e turistas que aterram noutras cidades. “O país só ganha se se descentralizar. Se não formos capazes de levar pessoas para cidades fora das grandes áreas metropolitanas, é provável que não consigamos tornar sustentável um sector como o do turismo em Portugal.”
Para além da arte contemporânea, Abrantes tem sido notícia por outros motivos ligados à contemporaneidade, quer seja pela nomeação de obras municipais e privadas para importantes prémios de arquitectura (mercado, parque de campismo), quer seja pela intenção de continuar a apoiar iniciativas ligadas à criatividade, como o Creative Camp, iniciativa do Canal 180.