Ferro Rodrigues acha “absurdo” acabar com comissão de inquérito à CGD

Presidente da Assembleia da República quer ver concluído inquérito sobre o banco público e diz que Costa e Marcelo devem continuar unidos, “a bem do país”.

Foto
Em Outubro, pouco depois de iniciar funções na CGD, António Domingues foi à AR prestar cumprimentos a Ferro Rodrigues Miguel Manso

O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, considera “absurdo acabar com a comissão de inquérito à CGD” e diz que “tem dúvidas” sobre a criação de uma comissão só para analisar as trocas de SMS e e-mails entre as Finanças e o ex-presidente do banco, António Domingues.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, considera “absurdo acabar com a comissão de inquérito à CGD” e diz que “tem dúvidas” sobre a criação de uma comissão só para analisar as trocas de SMS e e-mails entre as Finanças e o ex-presidente do banco, António Domingues.

Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, Ferro Rodrigues disse compreender as motivações do deputado social-democrata Matos Correia, que se demitiu da presidência da CPI à situação da Caixa Geral de Depósitos (CGD), acusando o PS, PCP e Bloco de Esquerda de porem em causa o funcionamento da comissão ao impedir a divulgação do conteúdo das comunicações (SMS e e-mails) entre o ministro das Finanças, Mário Centeno, e Domingues.

“Não é fácil ser presidente de uma comissão de inquérito potestativa em que os partidos que a propõem estão em minoria e depois há dúvidas de interpretação sobre o que é que faz parte do âmbito da comissão e o que não faz”, afirmou Ferro Rodrigues.

No entanto, o líder da Assembleia da República entende que a missão da CPI deve ser levada até ao fim porque “o que os portugueses querem saber” é porque é que a CGD chegou ao ponto de precisar de ser recapitalizada e reestruturada. “Houve muito trabalho, muita gente foi ouvida, muitas pessoas foram à Assembleia da República” para ajudar a perceber a situação do banco público, por isso o presidente do Parlamento considera “um bocado absurdo” que a CPI acabe de repente.

Depois da demissão de Matos Correia, o PSD e o CDS não indicaram qualquer substituto para a presidência, deixando a comissão em stand-by, e admitindo criar uma nova, só para analisar o conteúdo das comunicações relativas às negociações entre Centeno e Domingues. “Tenho dúvidas sobre a criação de uma CPI só para os SMS e e-mails. Mas não me compete a mim decidir”, disse o líder da Assembleia da República a propósito desta eventual iniciativa dos partidos de direita.

Questionado sobre o comportamento de Marcelo Rebelo de Sousa no tema da CGD, Ferro Rodrigues disse avaliá-lo “muito positivamente” e recusou que a relação entre o Presidente da República e o primeiro-ministro António Costa possa ter saído beliscada com este dossiê. Há uma “solidariedade forte entre dois órgãos de soberania que, para o bem do país, é bom que se mantenham tão unidos como estiveram até agora”, disse o antigo secretário-geral do PS.