Renzi renuncia à liderança do Partido Democrata

O ex-primeiro ministro de Itália diz que “não cede a chantagens” e deixa em aberto a recandidatura à liderança dos democratas.

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O primeiro-ministro Paolo Gentiloni e o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi na reunião do PD, este domingo em Roma Reuters/REMO CASILLI

O ex-primeiro ministro italiano Matteo Renzi apresentou este domingo a sua demissão como secretário-geral do Partido Democrata (PD). A demissão de Renzi foi anunciada pelo presidente do partido Matteo Orfini, na abertura de uma assembleia considerada decisiva para o futuro do ex-chefe de Governo. O antigo governante enfrenta a oposição de uma pequena minoria no interior do PD que ameaça com uma cisão e que põe em causa a estabilidade do Governo de coligação de centro-esquerda liderado por Paolo Gentiloni.

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O ex-primeiro ministro italiano Matteo Renzi apresentou este domingo a sua demissão como secretário-geral do Partido Democrata (PD). A demissão de Renzi foi anunciada pelo presidente do partido Matteo Orfini, na abertura de uma assembleia considerada decisiva para o futuro do ex-chefe de Governo. O antigo governante enfrenta a oposição de uma pequena minoria no interior do PD que ameaça com uma cisão e que põe em causa a estabilidade do Governo de coligação de centro-esquerda liderado por Paolo Gentiloni.

A demissão já era esperada e a questão ficou definida logo na abertura da reunião realizada em Roma: o ex-presidente da Câmara de Florença demitiu-se para que os militantes possam decidir quem será o novo secretário-geral, numa votação da qual Renzi espera sair fortalecido e com via aberta para disputar as próximas legislativas italianas, segundo escreve o jornal espanhol El País. O congresso democrata deverá realizar-se em Abril, embora a data ainda não tenha sido oficialmente anunciada.

Renzi, que está à frente dos democratas desde 2013, tem contra si uma minoria que critica abertamente a sua gestão como secretário-geral e que se reuniu este sábado para expressar mal-estar e reafirmar a ameaça de cisão se voltar a candidatar-se à liderança do PD. Entre os opositores do antigo primeiro-ministro estão, por exemplo, o antigo líder Pierluigi Bersani, o deputado Roberto Speranza e os presidentes da Toscânia, Enrico Rossi, e da Apúlia, Michele Emiliano, que defendem a realização de um congresso imediato para eleger o novo secretário-geral.

Com acusações aos seus próprios críticos e apelos à união interna do PD, o ex-chefe do Governo de Itália (que se demitiu após o fracasso do referendo de Dezembro sobre a reforma da Constituição, sendo sucedido pelo também democrata Gentiloni, que conseguiu o apoio dos democratas cristãos) deixou aberta a porta a uma nova candidatura ao cargo de secretário-geral do partido, defendendo que não vai ceder “à chantagem de uma minoria”, como cita a Bloomberg.

Matteo Renzi não se furtou a fazer acusações e reparos: “A palavra cisão é das mais feias, mas a palavra chantagem é ainda pior”. Defendendo que o PD está a dar uma “péssima imagem” ao ameaçar a estabilidade governativa em Itália, o secretário-geral demissionário disse que o partido tem de encontrar maneira de “ser mais democrático” a nível interno, sem esquecer o que se passa no exterior: “Não podemos continuar sem ver que há um mundo que nos pede respostas novas”, afirmou. 

"Oh Beppe, que belo presente estamos a dar-te ao falarmos apenas de nós próprios", disse Renzi, citado pela Reuters, numa alusão a Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas.

Nesse mundo onde cresce o populismo, “a grande ambição política desapareceu” e o PD pode recuperá-la, afirmou Renzi, que quer recuperar a ideia da Europa, “o grande sonho” que não está a ser cumprido. É mais urgente do que nunca acentuar “a ambição de permanecermos juntos 60 anos depois da assinatura do Tratado de Roma", disse o ex-governante aos cerca de 600 delegados do PD que estiveram reunidos em Roma.