Wilders abre campanha prometendo acabar com a "escumalha marroquina" na Holanda
O candidato do Partido da Liberdade (anti-UE e antimuçulmano, extrema-direita) promete "devolver a Holanda aos holandeses".
Geert Wilders lançou este sábado a sua campanha eleitoral prometendo acabar com a “escumalha marroquina” que, disse, torna perigosas as ruas. Incitou os holandeses a “recuperarem” o controlo do país – e para que isso aconteça têm que votar no seu Partido da Liberdade (extrema-direita, anti-União Europeia e antimuçulmano).
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Geert Wilders lançou este sábado a sua campanha eleitoral prometendo acabar com a “escumalha marroquina” que, disse, torna perigosas as ruas. Incitou os holandeses a “recuperarem” o controlo do país – e para que isso aconteça têm que votar no seu Partido da Liberdade (extrema-direita, anti-União Europeia e antimuçulmano).
Wilders abriu a campanha para as eleições legislativas de 15 de Março em Spijkenisse, uma zona de forte implantação do Partido da Liberdade, que é etnicamente muito diversa e forma a cintura industrial que rodeia o porto de Roterdão.
“Há muita escumalha marroquina na Holanda e isso faz com que as ruas não sejam seguras”, disse aos apoiantes e aos jornalistas que o seguiram num passeio em que se fez rodear de fortes medidas de segurança. “Se quiserem recuperar o controlo do país, devolver a Holanda aos holandeses, então têm de votar num partido.”
O líder da extrema-direita holandesa vive em local não revelado desde 2004, quando um holandês de ascendência marroquina assassinou o realizador Theo van Gogh, que realizou um polémico filme sobre o islão (Submissão) e defendera a guionista (e activista holandesa de ascendência somali) Ayann Hirsi que, num artigo de jornal, ligava o profeta Maomé à pedofilia por ter tido uma mulher de nove anos. Wilders diz que também é um dos alvos dos radicais islâmicos (em 2002, tinha sido assassinado o então líder da extrema-direita holandesa, Pim Fortuyn; o assassino, um holandês, disse pretender acabar com o discurso de diabolização dos muçulmanos).
Dos cerca de 16 milhões de habitantes da Holanda, 900 mil são muçulmanos e um terço destes são originários de Marrocos (muitos de terceira geração). Um estudo publicado pelo Ministério dos Assuntos Sociais na terça-feira revela que mais de 40% dos turcos e marroquinos na Holanda não sentem que pertencem ao país ou que são bem aceites.
Wilders espera que um surto de populismo e de sentimento antimuçulmano o catapulte para o poder. Uma das suas promessas de campanha é a proibição da imigração muçulmana, o encerramento de todas as mesquitas que existem na Holanda e a saída da União Europeia. Porém, para os apoiantes que o esperavam em Spijkenisse, as políticas sociais são o ponto mais importante da campanha.
“Para mim, o mais importante é a idade da reforma voltar para os 65 anos”, disse Wil Fens, de 59, que trabalha no porto.
Algumas pessoas manifestaram-se contra Wilders — tinham cartazes chamando-lhe extremista.
Wilders disse que os eleitores iriam desafiar a “elite” e pô-lo no poder, o que, por sua vez, iria impulsionar a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, e o partido Alternativa para a Alemanha — nestes países realizam-se eleições este ano, presidenciais em França, legislativas na Alemanha.
O Partido da Liberdade de Geert Wilders está na frente das sondagens com 17% das intenções de voto. Mas logo a seguir surgem os liberais do actual primeiro-ministro, Mark Rutte, que tem vindo a adensar a retórica anti-imigração na tentativa de chegar a Wilders ou de conseguir ultrapassá-lo.
Mesmo que vença, Wilders terá muita dificuldade em chegar ao governo — os maiores partidos já delinearam uma coligação por considerarem as políticas de Wilders ofensivas e inconstitucionais. Mas a paisagem política holandesa é muito fragmentada e será preciso uma coligação de quatro ou mais partidos para formar governo.