Desapareceram 50 armas de uma arrecadação da PSP e dois agentes foram suspensos
Situação foi detectada após a apreensão de uma arma da polícia no Porto. Lote pode ter sido vendido no mercado negro internacional.
O Ministério Público, através do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, está a investigar o desaparecimento de um lote de 50 armas Glock que estavam numa arrecadação da Direcção Nacional da PSP, em Lisboa. A polícia só notou que as armas tinham desaparecido quando uma Glock da PSP foi apreendida no Porto, a 25 de Janeiro. Estava no Bairro da Pasteleira com um estudante de 21 anos, suspeito de tráfico de droga.
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O Ministério Público, através do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, está a investigar o desaparecimento de um lote de 50 armas Glock que estavam numa arrecadação da Direcção Nacional da PSP, em Lisboa. A polícia só notou que as armas tinham desaparecido quando uma Glock da PSP foi apreendida no Porto, a 25 de Janeiro. Estava no Bairro da Pasteleira com um estudante de 21 anos, suspeito de tráfico de droga.
Surpreendida pela apreensão da arma de 9 milímetros, com a inscrição “Força de Segurança” e com o dístico daquela polícia nela gravado, a PSP lançou uma operação nacional de inventário de todas as armas que estão distribuídas aos agentes e de todas aquelas que estão nos armazéns dos comandos espalhados pelo país. Cada um dos mais de 20 mil agentes foi contactado individualmente para confirmar o número de série da arma que lhe está atribuida e para garantir que a tinha em sua posse.
Quando a operação de inventário chegou ao armazém do Departamento de Apoio Geral da Direcção Nacional da PSP, em Lisboa, há cerca de uma semana, um oficial descobriu que faltavam 50 Glock. Quem as terá levado e quando? Não se sabe. Mas dois agentes que trabalham neste departamento e são responsáveis pelo controlo das armas foram de imediato alvo de processos disciplinares e suspensos provisoriamente. Estes processos correm nos serviços de inspecção da próprio PSP não havendo, para já, qualquer intervenção da Inspeção-Geral da Administração Interna neste caso. Além dos processos disciplinares, foi aberto um inquérito-crime no DIAP Lisboa e um inquérito interno para apurar que falhas nos serviços daquela polícia permitiram o extravio das armas.
Mercado negro?
Fonte policial garantiu ao PÚBLICO que nenhuma outra arma desapareceu da arrecadação que conta ainda com espingardas, caçadeiras e revólveres. Também os lotes de munições não registam falhas. A PSP receia que as armas tenham sido transaccionadas no mercado negro internacional. Todas têm um número de série e a maioria tem gravado o dístico da polícia, o que dificulta a sua venda em Portugal.
O extravio das 50 armas só se tornou público esta quinta-feira porque o Ministério da Administração Interna decidiu enviar um comunicado sobre o sucedido. “O Ministério da Administração Interna informa que, na sequência da apreensão de uma arma de fogo da PSP numa operação policial, foi imediatamente aberto um processo de inquérito ao armazenamento de armas no Departamento de Apoio Geral da Direcção Nacional da PSP”, diz o comunicado da tutela.
“Em causa está o extravio de cerca de 50 armas de 9 milímetros, tendo os factos sido participados ao Ministério Público, para efeitos de investigação e apuramento de responsabilidades criminais”, acrescenta a mesma nota. O Ministério da Administração Interna confirmou também que “foram ainda instaurados processos disciplinares a dois elementos da PSP, que foram de imediato suspensos de funções.” Questionada sobre o sucedido, a Direcção Nacional da PSP recusou prestar esclarecimentos alegando que o caso está a ser investigado.