Ministério Público investiga alegado plágio em tese de doutoramento de autarca
Em causa está a actuação do presidente da Câmara de Torres Vedras na sua tese de doutoramento, defendida em 2015.
O Ministério Público abriu um inquérito para investigar o alegado plágio de que é suspeito o presidente da Câmara de Torres Vedras na sua tese de doutoramento, defendida em 2015 na Universidade de Lisboa.
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O Ministério Público abriu um inquérito para investigar o alegado plágio de que é suspeito o presidente da Câmara de Torres Vedras na sua tese de doutoramento, defendida em 2015 na Universidade de Lisboa.
Questionada pela Lusa, a Procuradoria-Geral da República respondeu que um inquérito corre termos no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa para investigar o alegado plágio de Carlos Bernardes (PS) na sua tese de doutoramento As linhas de Torres, um destino turístico estratégico para Portugal. O autarca disse à Lusa que ainda não foi notificado da existência do processo.
As suspeitas de plágio na tese, publicada em livro em Outubro, foram levantadas num artigo de opinião de um antigo vereador da Câmara, Jorge Ralha (PS), publicado a 20 de Janeiro no jornal Badaladas, de Torres Vedras.
O antigo autarca do PS acusou Carlos Bernardes de ter plagiado 47 das 200 páginas da tese, através quer de "cópias integrais de partes de estudos sem identificar a fonte" bibliográfica, quer de "transcrições, sem aspas, de diversos autores" ou "tentativa de disfarce de plágio alterando termos e expressões e não o conteúdo científico".
Questionado pela Lusa, Carlos Bernardes esclareceu que é um estudo inovador, apesar de admitir "eventuais falhas" na identificação das fontes, que está disponível a corrigir. "Não tendo sido utilizados gestores bibliográficos automatizados, é natural que haja uma ou outra citação", justificou.
Contactado pela Lusa sobre se a Inspecção Geral da Educação e Ciência abriu alguma investigação, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior esclareceu que compete às instituições de ensino superior investigar as infracções disciplinares praticadas por docentes, investigadores, funcionários ou estudantes.
A Universidade de Lisboa abriu também um inquérito interno, logo que o caso chegou à imprensa.
Lucinda Fonseca, directora do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, disse à Lusa que a universidade não recebeu qualquer denúncia, mas "solicitou à coordenação do doutoramento de Turismo que analisasse a situação", estando o relatório de averiguações em fase de conclusão.
Segundo a responsável, a universidade tem software para detecção de plágios, mas em 2015 esteve temporariamente sem funcionar, a aguardar autorização do Ministério das Finanças para a aquisição de novas licenças, um problema ultrapassado em Janeiro de 2016.
De acordo com o artigo de opinião, são presumíveis visados os investigadores Vasco Gil Mantas, da Universidade de Coimbra, enquanto autor do artigo Linhas fortificadas e vida quotidiana: da muralha da China à Muralha do Atlântico, Luís Ferreira, do Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo, como autor do artigo Planeamento estratégico de destinos turísticos, e o próprio co-orientador da tese de doutoramento Carlos Guardado da Silva, autor de bibliografia sobre as Linhas de Torres Vedras.
Contactados pela Lusa, os investigadores optaram por não prestar declarações e aguardam pela conclusão da investigação da Universidade de Lisboa.
Nota aos leitores: por lapso, este texto foi inicialmente publicado com a fotografia do anterior presidente da Câmara de Torres Vedras, Carlos Miguel. Pela confusão, o nosso pedido de desculpas ao visado e aos leitores