Cerca de 70% das reacções adversas a medicamentos são graves
Infarmed recebeu 5695 notificações de reacções adversas a fármacos em 2016, o que é um número baixo para a população portuguesa. Autoridade quer aumentar este valor para ficar a conhecer melhor os efeitos dos medicamentos.
No ano passado, a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) recebeu um total de 5695 notificações de reacções adversas a fármacos. Em 70% das situações, os casos reportados corresponderam a reacções graves. Ainda assim, o número total de notificações em Portugal está muito abaixo das metas preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para contrariar esta tendência, o Infarmed inaugurou nesta quinta-feira uma nova Unidade de Farmacovigilância. “Quanto mais conhecemos o risco do medicamento mais seguro ele se torna”, defendeu Fátima Canedo, responsável pela Direcção de Gestão do Risco de Medicamentos do Infarmed.
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No ano passado, a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) recebeu um total de 5695 notificações de reacções adversas a fármacos. Em 70% das situações, os casos reportados corresponderam a reacções graves. Ainda assim, o número total de notificações em Portugal está muito abaixo das metas preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para contrariar esta tendência, o Infarmed inaugurou nesta quinta-feira uma nova Unidade de Farmacovigilância. “Quanto mais conhecemos o risco do medicamento mais seguro ele se torna”, defendeu Fátima Canedo, responsável pela Direcção de Gestão do Risco de Medicamentos do Infarmed.
No início de 2016, Portugal contava com quatro unidades de farmacovigilância em todo o país, mas ao longo dos últimos meses foram abertas várias. Com esta inauguração da unidade do Infarmed, o país fica com um total de oito unidades. O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, presente na cerimónia, explicou que o objectivo de cobrir o território é dar uma resposta de proximidade e incentivar os centros de saúde, hospitais e utentes a notificarem mais os casos de reacções adversas aos medicamentos.
Manuel Delgado explicou que actualmente os medicamentos inovadores chegam mais rapidamente ao mercado, pelo que “não têm o mesmo tempo de maturação”. Uma ideia que foi corroborada pelo presidente do Infarmed. “Os novos medicamentos estão cada vez menos bem estudados e menos conhecidos. É a vigilância sobre esses medicamentos que vai gerar uma melhor utilização”, acrescentou Henrique Luz Rodrigues.
Segundo os dados do Infarmed, das 5698 notificações recebidas no ano passado, 3915 foram graves. Os números estão em linha com os registados em 2015. Cerca de metade das notificações são feitas por profissionais de saúde e outra metade pela própria indústria farmacêutica. Os relatos de doentes ainda são “residuais”, reconheceu Fátima Canedo, avançando que vão pouco além de 100. Para facilitar as notificações dos cidadãos, o Infamed está a preparar uma nova área no site dedicada a este tema e que estará operacional em Novembro.
A responsável do Infarmed adiantou que a meta da OMS estipula como referência que sejam feitas 250 notificações de reacções adversas a medicamentos por cada milhão de habitantes – o que deixa Portugal muito longe dessa meta. “Uso muito a imagem do iceberg, conhecemos a pontinha e o que precisamos de conhecer é o que está escondido”, acrescentou Fátima Canedo, defendendo depois que interessa sobretudo conhecer as reacções mais graves ou os efeitos secundários que não vêm descritos na bula do medicamento. Conhecendo estes efeitos é possível fazer duas coisas: alterar as recomendações relacionadas com o medicamento ou mesmo retirar o fármaco do mercado quando os riscos ultrapassam os benefícios.
A título de exemplo, Fátima Canedo explicou que a nova unidade agora inaugurada cobre uma população de mais de um milhão de pessoas de alguns concelhos de Lisboa e de Leiria. No entanto, apesar do elevado número de população, desta zona do país chegam apenas 4% das notificações nacionais. Questionado sobre qual a meta de crescimento traçada, o presidente do Infarmed contrapôs que “a meta é ganhar massa crítica no sistema”, até para colaborar mais com instituições como a Agência Europeia do Medicamento (EMA).
O ministro da Saúde anunciou recentemente que está a trabalhar para que a sede da EMA, actualmente no Reino Unido, venha para Portugal na sequência do "Brexit". Nesta inauguração, Manuel Delgado reiterou que é vontade da tutela conseguir atrair a agência europeia, tanto pelo “clima” e “tranquilidade” do país como por mais capacidade de resposta em áreas como a vigilância das reacções adversas.