Como um programa de Oprah (e uma notícia) derrubou um nomeado de Trump
Andrew Puzder deveria assumir a pasta do Trabalho. Mas decidiu retirar-se após terem ressurgido as denúncias de violência doméstica feitas contra ele num programa televisivo, em 1990.
Andrew Puzder desistiu de se tornar secretário para o Trabalho da Administração Trump, depois de terem sido reveladas denúncias feitas contra ele há 27 anos num programa de televisão. A autora dessas denúncias era a sua ex-mulher, que acusava o de violência doméstica. Puzder, que é CEO da empresa norte-americana que detém os restaurantes de fast-food Hardee's e Carl's Jr., decidiu afastar-se em plena audiência do comité do Senado para avaliar a sua nomeação, nesta quarta-feira.
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Andrew Puzder desistiu de se tornar secretário para o Trabalho da Administração Trump, depois de terem sido reveladas denúncias feitas contra ele há 27 anos num programa de televisão. A autora dessas denúncias era a sua ex-mulher, que acusava o de violência doméstica. Puzder, que é CEO da empresa norte-americana que detém os restaurantes de fast-food Hardee's e Carl's Jr., decidiu afastar-se em plena audiência do comité do Senado para avaliar a sua nomeação, nesta quarta-feira.
Em causa, está um programa de Oprah Winfrey de 1990, onde Lisa Fierstein, que foi casada com Puzder entre 1973 e 1987, e sob o nome fictício “Ann”, denunciou ter sido vítima de abusos cometidos pelo marido. O Politico teve acesso às gravações do programa, que não tinham sido tornadas públicas, onde Fierstein não desenvolve as agressões físicas de que foi alvo. Mas o mesmo órgão de informação recorda que, dois anos antes do programa, a ex-mulher do agora nomeado por Donald Trump interpôs uma acção judicial reclamando uma indeminização de 350 mil dólares. Aí Fierstein descreve agressões repetidas na “cara, peito, costas, ombros e pescoço”, provocando lesões nas mesmas zonas do corpo.
O juiz responsável pelo processo acabou por arquivar o caso. Mas no programa de Oprah, Fierstein voltou às acusações e afirmou que depois do divórcio perdeu “tudo, tudo”. "Eu não tenho nada. Ele tem um Porsche e um Mercedes-Benz. Ele tem a casa. Ele tem tudo. Ele era um advogado, e ele sabia como jogar com o sistema”, afirmou, argumentando que as lesões que o ex-marido lhe provocou foram, por isso, permanentes.
Nos últimos tempos, porém, Fierstein voltou atrás nas acusações. Num email dirigido a Puzder, citado pela NBC, disse ter realizado as denúncias apenas porque foi aconselhada a tal durante o processo de divórcio. Também escreveu um comunicado ao Comité Nacional Republicano considerando o ex-marido um dos “melhores homens que alguma vez” conheceu. Já este ano, e dirigindo-se ao comité do Senado americano responsável pela avaliação da nomeação de Puzder, Fierstein mostrou-se arrependida pela participação no programa de Oprah. Apesar disso, Dan Sokol, advogado que representava Lisa durante o processo de separação, disse à revista Time que as denúncias de abusos domésticos eram “credíveis”.
Winfrey partilhou mesmo as gravações do programa, juntamente com outros episódios relacionados com violência doméstica, com o comité do Senado para serem analisadas. Ao Politico, alguns senadores falaram já do que viram nos vídeos. Por exemplo, o senador Patty Murray afirmou que as gravações eram “muito perturbadoras”. Certo é que, mesmo antes de o Senado ter concluído a sua avaliação, os democratas começaram a realizar intensa pressão sobre a escolha de Trump tendo, inclusivamente, alguns republicanos duvidado da aptidão de Puzder para o cargo. Tudo culminou com a queda do aspirante a secretário para o Trabalho escolhido pelo Presidente norte-americano.