Socialistas criticam nota presidencial sobre Mário Centeno
Porfírio Silva aconselha Presidente a “respeitar os poderes próprios e os dos demais órgãos de soberania”. Vital Moreira insiste que o chefe de Estado “não é co-titular da acção governativa” e Ascenso Simões classifica como “vergonhosa” a nota sobre Centeno.
Se antes da nota de segunda-feira à noite sobre Mário Centeno o Presidente da República estava sob críticas do PSD, depois daquela comunicação houve reparos do PS. Esta terça-feira, Porfírio Silva, deputado e membro do secretariado nacional do PS, aconselhou Marcelo Rebelo de Sousa a “respeitar os poderes próprios e os poderes dos demais órgãos de soberania”.
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Se antes da nota de segunda-feira à noite sobre Mário Centeno o Presidente da República estava sob críticas do PSD, depois daquela comunicação houve reparos do PS. Esta terça-feira, Porfírio Silva, deputado e membro do secretariado nacional do PS, aconselhou Marcelo Rebelo de Sousa a “respeitar os poderes próprios e os poderes dos demais órgãos de soberania”.
Não foi o único. Também Vital Moreira, no seu blogue Causa Nossa, insiste nessa tónica, lembrando que o Presidente “não é co-titular da acção governativa, pelo que não deve imiscuir-se no exercício desta pelo Governo nem parecer como se fosse tutor ou arauto deste, como sucedeu algumas vezes".
Em particular sobre a nota, sublinha que “os ministros não carecem da confiança política do Presidente, nem este os pode demitir por sua iniciativa, sem prejuízo de poder suscitar a questão da permanência de um ministro perante o primeiro-ministro”. E acrescenta: “Quando um ministro se sente na necessidade de colocar o seu lugar à disposição, fá-lo perante o primeiro-ministro, não perante o Presidente.
“Não basta querer ser "Presidente de todos os portugueses" para ser um bom Presidente da República”, escreveu Porfírio Silva no Facebook. “É preciso não ter a tentação de compensar o excessivo activismo com a técnica de ‘uma no cravo, outra na ferradura’. E também é preciso evitar o método que se costuma chamar ‘atirar a pedra e esconder a mão’", acrescenta.
Uma dura crítica que vai ainda mais longe: “O mundo não vive nem se esgota em boas intenções, com ou sem aspas. Mesmo um Presidente tendo tudo para ser um bom Presidente pode falhar se não atender a estas minudências. Tudo isto, bem entendido, em teoria geral. Ou salvo erro de percepção da minha parte”.
Também o deputado socialista Ascenso Simões se refere em termos críticos ao comunicado publicado esta segunda-feira à noite na página da Presidência, considerando que se trata de “uma vergonhosa nota do Presidente da República”. Nada mais acrescenta, limitando-se a reproduzir as palavras de Marcelo.
Em relação à notícia da SIC de que o primeiro-ministro teria manifestado ao Presidente o seu desagrado com o comunicado de segunda-feira à noite, o PÚBLICO questionou o gabinete do primeiro-ministro, que respondeu: "Claro que não é verdade."