O Centro Gis já trabalha para apoiar a população LGBT do Grande Porto

O primeiro centro de atendimento LGBT do Norte foi inaugurado oficialmente em Matosinhos. já recebeu, num mês, 21 pedidos de apoio.

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Espaço nos antigos paços do concelho de Matosinhos funciona desde Janeiro Nelson Garrido

O primeiro centro de atendimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans) do norte do país foi inaugurado oficialmente nesta terça-feira, em Matosinhos, na presença da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, e do presidente da câmara, Eduardo Pinheiro. Com sede no edifício dos antigos paçosdo concelho, e a funcionar desde o início de Janeiro, o Centro Gis, cujo nome homenageia a transsexual Gisberta, assassinada na cidade do Porto em 2006, é coordenado pela Associação Plano i (APi) e tem como função apoiar a população LGBT de todo o distrito do Porto.

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O primeiro centro de atendimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans) do norte do país foi inaugurado oficialmente nesta terça-feira, em Matosinhos, na presença da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, e do presidente da câmara, Eduardo Pinheiro. Com sede no edifício dos antigos paçosdo concelho, e a funcionar desde o início de Janeiro, o Centro Gis, cujo nome homenageia a transsexual Gisberta, assassinada na cidade do Porto em 2006, é coordenado pela Associação Plano i (APi) e tem como função apoiar a população LGBT de todo o distrito do Porto.

Há mais dois centros com a mesma função em território nacional. Em Lisboa, existe outro no centro ILGA e, na freguesia do Lumiar, coordenado pela Casa Qui, há mais um que trabalha especificamente com jovens. De acordo com Catarina  Marcelino, estes três centros são pioneiros e fazem parte de uma estratégia governamental, em parceria com Organizações não Governamentais (ONGs) e as autarquias locais, no sentido de dar resposta a problemas específicos desta população. De resto, sublinha que é a primeira vez que, em Portugal, um governo apoia financeiramente a abertura de um projecto com estas características, direccionado para este público alvo.

No distrito do Porto, o projecto deu os primeiros passos em Novembro do ano passado, quando foi assinado um protocolo entre a APi, a Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade e o município que, de acordo com Eduardo Pinheiro, muito se deveu à disponibilidade do seu antecessor, Guilherme Pinto, para abraçar o projecto. O projecto, segundo o actual presidente, enquadra-se na forma de pensar de um executivo promotor da  igualdade “independentemente das origens ou opções das pessoas”.

“As casas de abrigo que existem no país são suficientes, mas não podem ser a primeira resposta”, afirma Catarina Marcelino. É na prevenção que diz estar a prioridade. É por isso que, no Centro Gis, além de se prestar auxílio a vítimas de violência e discriminação através de apoio jurídico, psicológico ou social, a formação da comunidade é também considerada fundamental. Nesse sentido, são levadas a cabo uma série de acções de formação em escolas e noutras entidades de forma a “erradicar a violência e a discriminação e promover a igualdade e a diversidade social”.

Segundo a a presidente da APi, Sofia Neves, desde que o projecto arrancou, no início de Janeiro,  já se realizaram algumas dessas acções de formação em algumas escolas. O saldo, diz, é positivo: “Dependendo de como o tema é abordado,  as crianças estão abertas a ouvir falar sobre realidades que são diferentes da sua”, diz. Mais difíceis de atingir, considera, são os públicos com mais idade e de zonas mais rurais, que “tendem a ter atitudes mais conservadoras”.

Dos 21 pedidos de ajuda “telefónicos e presenciais” que já chegaram ao centro, os mais comuns prendem-se com situações de violência, discriminação e de pessoas que têm alguma dificuldade em assumir a sua orientação sexual, passo que para muitos continua a ser difícil.

“Portugal é um país homofóbico, embora esteja progressivamente a tornar-se cada vez mais igualitário”, afirma, acrescentando uma explicação: “Digo que ainda é homofóbico porque os dados e experiências das pessoas falam por si. Enquanto tivermos focos de violência e discriminação contra estas pessoas teremos que continuar a constatar a realidade e a  realidade é que a homofobia e a transfobia existem e manifestam-se desde idades muito precoces”.