Novos comerciantes do Bolhão não passam pelo mercado temporário
Executivo da Câmara do Porto aprovou, com uma abstenção, os acordos que regem a permanência dos vendedores do interior e a saída dos que não ficam.
Os comerciantes que vão preencher as vagas do mercado de frescos instalado no terrado do Mercado do Bolhão, no Porto, vão estrear o espaço reabilitado, não passando pelo mercado temporário, que ficará ocupado, exclusivamente, pelos vendedores que já anunciaram que querem continuar – 68 mais oito carrejões.
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Os comerciantes que vão preencher as vagas do mercado de frescos instalado no terrado do Mercado do Bolhão, no Porto, vão estrear o espaço reabilitado, não passando pelo mercado temporário, que ficará ocupado, exclusivamente, pelos vendedores que já anunciaram que querem continuar – 68 mais oito carrejões.
A explicação foi dada por Cátia Meirinhos, do Gabinete do Mercado do Bolhão, aos vereadores da Câmara do Porto, durante uma reunião do executivo em que foram aprovados – com a abstenção da CDU – os acordos para os vendedores do interior que vão permanecer no mercado e também os 23 que vão embora, sendo, neste caso, indemnizados. Os acordos para os lojistas estão ainda a ser negociados. A responsável pelo gabinete garantiu, perante a insistência da oposição, que o terrado se irá manter como mercado de frescos e que lá estarão presentes todas as categorias de produtos previstos. “O mercado continuará a ser de frescos, terá mais bancas livres e aí vamos garantir mais oferta de produtos alimentares. O projecto prevê e vai existir talho, mesmo que [os talhos actuais] venham a desistir. Vão existir comerciantes novos”, disse.
Cátia Meirinhos respondia às dúvidas levantadas pelo vereador da CDU, Pedro Carvalho, sobre a informação de que três dos actuais vendedores de frescos vão, no novo mercado, mudar de ramo, e abrir três cafés. “Há uma presença grande de cafés que me deixa alguma dúvida sobre o que seria o objectivo central, a manutenção do mercado de frescos”, disse o comunista. A responsável do gabinete e da empresa municipal GOP – Gabinete de Obras Públicas garantiu: “Os comerciantes tiveram a liberdade de escolher se queriam continuar a vender os mesmo produtos ou alterar a sua categoria. Perante as categorias que existiam, puderam escolher, e estes escolheram mudar. Mas o Bolhão vai continuar a ser um mercado de frescos, com talho, com peixaria e sem sobrecarga de cafés”.
Aos vereadores, Cátia Meirinhos afirmou ainda que os comerciantes que vão deixar o Bolhão o fazem “exclusivamente por não terem condições para continuar, por não terem familiares para continuar o negócio ou energia para aguentar estes dois anos de transformação e regressarem depois ao mercado modificado”. E explicou que, para os substituir, entrarão novos vendedores que terão que ocupar, com alguns limites, as categorias de produtos que ainda não estejam representadas. Meirinhos explicou que, à semelhança dos cafés, o número de licenças para as diferentes categorias deverá ser limitado, para que exista “uma concorrência saudável”. “Estando [uma categoria] preenchida por três comerciantes, as vagas serão para outras categorias que não estejam ocupadas”, disse. Já os restaurantes que funcionam, actualmente, no terrado, deverão mudar-se para o piso superior.
Já Rui Moreira salientou a decisão de indemnizar os comerciantes que se vão embora, que considerou ser “uma contrapartida pela sua resistência”. E insistiu que a câmara fará “o possível para tornar o mercado temporário muito atraente”, deixando, de novo, o aviso: “É claro que os portuenses têm que fazer o seu papel e ir lá às compras”.