"Especial" Jackie

Jackie é como um “especial” duma revista ou dum programa de “social”, mas um “especial” de luxo.

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As primeiras damas são as rainhas que a América não tem, o que vale por dizer que o seu estatuto simbólico e relevância política estão longe de ser inócuos. Adivinha-se no script de Jackie uma reflexão sobre isto, na forma dum relato de uma tomada de consciência, tão súbita e brutal como a sua viuvez, da Senhora Kennedy.

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As primeiras damas são as rainhas que a América não tem, o que vale por dizer que o seu estatuto simbólico e relevância política estão longe de ser inócuos. Adivinha-se no script de Jackie uma reflexão sobre isto, na forma dum relato de uma tomada de consciência, tão súbita e brutal como a sua viuvez, da Senhora Kennedy.

Na sua mecânica a cruzar os sentimentos pessoais e a dimensão pública, “Jackie” é um parente de outros retratos de figuras simbólicas (como a própria Rainha de Inglaterra no The Queen de Frears) construidos a partir de um momento de crise. Pena que Larraín pareça pegar nisto como aluno aplicado a prestar provas de admissão a Hollywood, privilegiando, por exemplo, a pompa decorativa dos corredores e salões da Casa Branca, mas sem nunca criar uma relação verdadeiramente significativa entre a figura de Jackie e todo o aparato que a rodeia.

Escolhe a opção que parece mais fácil, ou de efeito mais garantido: a via do melodrama sofrido a resolver-se em superação sentimentalista do luto. Jackie é como um “especial” duma revista ou dum programa de “social”, mas um “especial” de luxo. E enquanto tal não é mal feito - está cheio de actores interessantes, Portman aguenta-se bem e Larrain, já o sabiamos dos seus filmes chilenos, tem a escola toda quando se trata de encher o olho. Mas fica por aí.