PIB terá crescido menos que em 2015 mas acima das previsões do Governo
A economia portuguesa deve ter crescido 1,3% no conjunto de 2016, segundo analistas. A confirmar-se, a estimativa revela um abrandamento face ao ano anterior, embora fique ligeiramente acima do previsto pelo Governo.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na terça-feira a estimativa rápida das contas nacionais trimestrais referente ao quarto trimestre do ano passado, apresentando também a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no conjunto de 2016.
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O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na terça-feira a estimativa rápida das contas nacionais trimestrais referente ao quarto trimestre do ano passado, apresentando também a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no conjunto de 2016.
De acordo com a média de previsões de analistas contactados pela agência Lusa, a economia portuguesa deverá ter crescido 1,3% no ano passado. Embora ligeiramente acima da previsão de 1,2% estimada pelo Governo no Orçamento do Estado para 2017, este valor, a confirmar-se, revela um abrandamento do crescimento do PIB face a 2015, quando progrediu 1,5%.
O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) apresenta a estimativa de crescimento económico mais optimista entre as recolhidas pela Lusa, de 1,4%, depois de um quarto trimestre do ano que "correu bastante bem".
Após o crescimento económico no terceiro trimestre (0,8% em cadeia e 1,6% em termos homólogos) ter apanhado os analistas de surpresa, o ISEG antecipa que este ritmo se tenha mantido nos últimos três meses do ano, ao crescer também 0,8% em cadeia e 2% em termos homólogos.
Segundo António da Ascensão Costa, do ISEG, foi "claramente o consumo privado" a explicar o crescimento de 2016, que, no segundo semestre, acelerou, "começando a responder a um conjunto de medidas que tinham sido tomadas" pelo Governo, como o fim faseado dos cortes salariais na Administração Pública.
Por sua vez, o Núcleo de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica prevê que o PIB tenha subido 1,3% em 2016, estimativa influenciada também pela "surpresa positiva" do terceiro trimestre.
Nesse sentido, o NECEP antecipa que o PIB tenha crescido, no quarto trimestre, 0,6% em cadeia e 1,8% em termos homólogos.
Questionado sobre o que explica o crescimento económico no conjunto do ano, João Borges de Assunção, da Católica, disse que "uma das possibilidades é a maneira como o próprio Governo construiu a política orçamental em 2016, porque há uma série de efeitos que só ocorreram no final do ano", como a reposição dos salários da função pública e a redução do IVA na restauração.
Embora apresentem as estimativas mais optimistas, estes dois professores concordam em afirmar que este ritmo de crescimento não é suficiente para que a economia recupere os níveis anteriores à crise, sendo necessários ainda "dois ou três anos".
O BPI, por sua vez, antecipa que a economia tenha crescido entre 1,2% e 1,3% em 2016, depois de um quarto trimestre com uma subida entre 0,4% e 0,5% em cadeia e entre 1,6% e 1,8% em termos homólogos.
"Parece-nos que, atendendo também à dinâmica do resto do ano, os principais contributos poderão ser das exportações e do consumo privado também. E depois nota-se também uma tentativa de estabilização das exportações para Angola que tem um peso significativo ainda. Também deverá ponderar o reforço da actividade de turismo", disse a economista-chefe do BPI, Paula Carvalho.
Já o Montepio apresenta a estimativa mais pessimista, antecipando que o PIB cresça 1,2% no conjunto de 2016 -- em linha com o Governo.
"O abrandamento face a 2015 resultou sobretudo do investimento em capital fixo, que terá caído em 2016", destacou o economista-chefe do banco, Rui Bernardes Serra.
O economista salientou ainda que o consumo privado também terá tido "algum abrandamento", enquanto as "exportações líquidas terão tido um contributo ligeiramente positivo para o crescimento".
Para 2017, BPI e Montepio estimam que a economia cresça 1,5% - em linha com o antecipado pelo Governo -, enquanto o NECEP prevê que o PIB avance 1,7%. O ISEG ainda não tem uma estimativa para o conjunto deste ano.