Wikipedia deixa de considerar o Daily Mail como fonte credível
O debate das notícias falsas também chega à Wikipedia. O Daily Mail passa a estar na lista negra.
A Wikipedia decidiu excluir o Daily Mail da lista de fontes utilizadas na enciclopédia online. A decisão foi tomada pelos editores do projecto enciclopédico, que já discutiam esta possibilidade desde, pelo menos, o início de 2015, detalha o Guardian citando um comunicado da Wikimedia Foundation.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Wikipedia decidiu excluir o Daily Mail da lista de fontes utilizadas na enciclopédia online. A decisão foi tomada pelos editores do projecto enciclopédico, que já discutiam esta possibilidade desde, pelo menos, o início de 2015, detalha o Guardian citando um comunicado da Wikimedia Foundation.
À data, a Wikipedia estabelecia como sistema a utilização preferencial de meios de comunicação tradicionais de referência, quando estes abordassem os assuntos objecto de entrada na enciclopédia, em detrimento de “tablóides como The Sun, Daily Mirror, Daily Mail”, que ainda assim eram frequentemente citados. Agora, o Daily Mail passa a ser considerado como fonte apenas em circunstâncias excepcionais, juntando-se assim ao National Enquirer.
A decisão baseou-se na análise da reputação do Daily Mail enquanto meio de comunicação de “fraco nível de verificação de factos e sensacionalismo”, escreve o jornal britânico, sublinhando que na lista de fontes credíveis mantêm-se a Fox News e a Russia Today, que também já suscitaram preocupações entre os editores pela sua parcialidade.
A discussão, já antiga, foi recuperada no início deste ano por um dos editores, Hillbillyholiday. A 7 de Janeiro, este editor lançou a proposta de exclusão do Daily Mail e reabriu a discussão, argumentando que a publicação partilhava com frequência histórias falsas e citações descontextualizada, e que utilizava imagens de menores de forma inapropriada. Nos exemplos utilizados no fórum de discussão, o editor citou uma entrevista falsa ao jogador francês Paul Pogba, outra ao actor Roger Moore ou a cobertura do caso de Amanda Knox. Outros editores consideraram a medida excessiva, apontando a existência de histórias que contêm imprecisões noutros meios de comunicação social, e sugeriram que a decisão era baseada em motivações pessoais. Ou seja, uma questão de preferência do editor e não um problema de credibilidade da publicação.
No entanto, a decisão final dos editores acabou por ser a exclusão do Daily Mail, cumprindo assim as regras da Wikipédia, que estipulam que “caso não sejam identificadas fontes credíveis, a Wikipédia não deverá disponibilizar um artigo” que tenha como fonte uma notícia da autoria de publicações que constem desta espécie de lista negra.
A partir de agora, um filtro irá alertar os editores que queiram utilizar o jornal como referência para que encontrem fontes credíveis alternativas.
A medida irá ainda implicar a revisão de mais de 12 mil links disponíveis em artigos da Wikipédia e relacionados com o Daily Mail, tarefa para a qual os editores pedem a ajuda de voluntários.
A decisão surge numa altura em que se intensifica a discussão a nível mundial sobre a influência das notícias falsas e dos chamados "factos alternativos".
Também esta quarta-feira, a Wikipédia anunciou que irá ainda apostar na criação de programa informático com inteligência artificial para a moderação de comentários de grandes comunidades na Internet.
Até agora, o Daily Mail ainda não reagiu à decisão da sua exclusão.