PAN questiona Governo português sobre reactivação de centrais nucleares espanholas
O partido ambientalista sublinha os "riscos muito concretos" da manutenção de centrais nucleares com mais de 40 anos.
O PAN enviou esta quinta-feira uma série de questões ao Ministério do Ambiente sobre a possível reactivação de centrais nucleares espanholas após o seu tempo de vida, anunciou o partido em comunicado.
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O PAN enviou esta quinta-feira uma série de questões ao Ministério do Ambiente sobre a possível reactivação de centrais nucleares espanholas após o seu tempo de vida, anunciou o partido em comunicado.
O Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol deu esta quarta-feira um parecer favorável para que a central nuclear de Santa María de Garoña, em Burgos, possa operar até completar 60 anos, decisão que pode servir de precedente para outras cinco centrais, entre as quais a de Almaraz. Cabe agora ao Ministério da Energia espanhol decidir se autoriza a empresa Nuclenor a voltar a ligar a central à rede eléctrica. A tutela espanhola deverá decidir até ao início de 2018 se prolonga a actual licença de exploração da central de Almaraz, que caduca em 2020.
A central de Garoña, na província de Burgos (Castela e Leão), está parada desde 16 de Dezembro de 2012, "precisamente por problemas de segurança", refere em comunicado o Pessoas-Animais-Natureza, que questionou o Governo sobre "que medidas estão a ser tomadas junto de Espanha para garantir que o complexo industrial nuclear de Santa María de Garoña não se expanda para além dos 40 anos".
O PAN sublinha os "riscos muito concretos" da manutenção destas centrais, "conforme comprova a explosão que aconteceu esta semana na central nuclear de Flamanville, no norte de França".
Em 16 de Janeiro, Portugal apresentou à Comissão Europeia uma queixa relacionada com a decisão espanhola de construir um armazém de resíduos nucleares em Almaraz, sem avaliar o impacto ambiental transfronteiriço. O Governo português defende que, no projecto de um aterro de resíduos junto à central nuclear de Almaraz, "não foram avaliados os impactos transfronteiriços", o que está contra as regras europeias.
O PAN pretende saber se o Governo promoveu acções adicionais depois desta queixa. Os ambientalistas portugueses e espanhóis desconfiam que a decisão de construção desse aterro seja o primeiro passo para prolongar a vida da central para além de 2020.
O partido sublinha ainda a necessidade de um "plano de desmantelamento nuclear" no seio da União Europeia, tendo em conta a "perigosidade e a real possibilidade de falha devido a causas naturais ou humanas nas actuais centrais nucleares".
"As opções nucleares, pelo enorme risco que comportam, não podem estar confinadas às fronteiras administrativas e políticas. As opões energéticas de Espanha, que respeitamos, não podem deixar de ter em conta os interesses dos portugueses. Não pode ser de outra forma", afirma o deputado André Silva, em comunicado.