Centeno está “altamente fragilizado e deve demitir-se”, diz Rangel
Preocupado com a credibilidade do Estado português nas instâncias europeias, o eurodeputado do PSD considera que o ministro das Finanças e o secretário de Estado Mourinho Félix não têm alternativa senão sair.
Paulo Rangel está muito preocupado com “a fragilização do Ministério das Finanças perante os seus pares a nível europeu” e defende que Mário Centeno já não tem outra alternativa senão demitir-se e levar consigo o secretário de Estado Mourinho Félix. “Mentiram ao Parlamento e à opinião pública, descarada e despudoradamente e num Estado decente não pode ser de outra maneira”, afirma o eurodeputado do PSD.
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Paulo Rangel está muito preocupado com “a fragilização do Ministério das Finanças perante os seus pares a nível europeu” e defende que Mário Centeno já não tem outra alternativa senão demitir-se e levar consigo o secretário de Estado Mourinho Félix. “Mentiram ao Parlamento e à opinião pública, descarada e despudoradamente e num Estado decente não pode ser de outra maneira”, afirma o eurodeputado do PSD.
Para Rangel, o que o PÚBLICO revela hoje sobre a troca de e-mails entre o gabinete de Mourinho Félix e um escritório de advogados “é altamente revelador de que o secretário de Estado andou a negociar a lei com os representantes do interessado, o que é inadmissível”.
O primeiro-ministro não fica isento de críticas pelo eurodeputado, que considera que António Costa teve uma “expressão infeliz” no debate quinzenal, quando disse que não havia provas. “Isto não é um julgamento em tribunal, é política e é ética, e neste momento já não há qualquer dúvida, já não é um documento isolado. É uma situação pantanosa”, acrescentou o social-democrata ao PÚBLICO.
Depois de já ter pedido a demissão deste governante quando se soube que tinha levado António Domingues para debater a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos quando este ainda era administrador do BPI, Rangel considera que, agora, “já só o ministro das Finanças pode resolver isto”.
“Trata-de de um comportamento recorrente de não distinção entre a esfera pública e privada e de uma mentira repetida pelo ministro das Finanças e pelo secretário de Estado, que sempre disseram que não tinha havido nenhum acordo” com o ex-administrador da CGD para dispensar a equipa dirigente de entregar as declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional, afirma o eurodeputado.
Segundo Rangel, a situação está a ser acompanhada de perto pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e instâncias comunitárias: “Hoje de manhã esta questão já estava nos corredores de Bruxelas, porque hoje o que acontece em cada país tem repercussões em toda a Europa”.
Na sua perspectiva, “temos um ministro das Finanças e um secretário de Estado altamente fragilizados que devem sair”. Rangel suspeita mesmo que a remodelação do Ministério das Finanças feita na segunda-feira tenha sido uma “tentativa” de colocar Mourinho Félix em destaque “para depois poder substituir Mário Centeno”, mas considera que este “está inibido, com esta situação, de participar numa composição futura”.
Questionado se espera que o PSD corrobore esta sua posição, Rangel afirma que fala “em nome pessoal, como eurodeputado muito preocupado com a credibilidade do Estado português”. E vira-se sobretudo contra o BE e o PCP: “Foram sempre tão rápidos e determinados a pedir demissões por dá cá esta palha e agora estão como o detergente que lava mais branco”.
Já sobre a posição do Presidente da República, que se colocou ao lado do primeiro-ministro nesta questão, Rangel considera que “faz mal”. “Compreendo a preocupação com a estabilidade do Ministério das Finanças, mas o Presidente é o garante da ética e da transparência”. Neste caso, insiste: “Ninguém inventou esta questão, foi o Governo que criou excepções à lei, que negociou com privados esta excepção e ainda veio mentir sobre o que fez”. Por isso, aponta aos responsáveis o caminho de saída.