Trump queixou-se a Putin do acordo nuclear que Obama assinou com a Rússia

O Presidente norte-americano disse que o novo tratado START, assinado em 2010 por Obama e Medvedev, era "um mau acordo". Mas quando Putin designou o documento, Trump teve de consultar os assessores.

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LUSA/JIM LO SCALZO

No primeiro contacto telefónico com Vladimir Putin enquanto Presidente, Donald Trump denunciou o novo tratado START, de 2010, o acordo nuclear que estabelece reduções para o arsenal nuclear dos EUA e da Rússia assinado por Barack Obama e por Dmitri Medvedev, quando este era Presidente da Rússia. Isto, apesar de revelar desconhecimento do mesmo, noticia esta quinta-feira a Reuters, citando duas fontes oficiais com conhecimento da chamada.

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No primeiro contacto telefónico com Vladimir Putin enquanto Presidente, Donald Trump denunciou o novo tratado START, de 2010, o acordo nuclear que estabelece reduções para o arsenal nuclear dos EUA e da Rússia assinado por Barack Obama e por Dmitri Medvedev, quando este era Presidente da Rússia. Isto, apesar de revelar desconhecimento do mesmo, noticia esta quinta-feira a Reuters, citando duas fontes oficiais com conhecimento da chamada.

A questão surgiu durante a conversa quando Putin levantou a possibilidade de prolongar o tratado, assinado em Praga, no dia 8 de Abril de 2010, que dá aos dois países até Fevereiro de 2018 para reduzirem até 1550 as suas armas nucleares prontas a lançar. Na página do Departamento de Estado norte-americano explica-se que o tratado tem a duração de dez anos, “a menos que seja substituído por um acordo posterior”

As fontes ouvidas pela Reuters contam que, quando escutou a proposta do líder russo, Trump fez uma pausa na conversa para perguntar aos seus assessores o que era o tratado, denominado START.

Depois, o Presidente americano voltou ao telefone para dizer que o novo START era apenas mais um dos maus acordos assinados pela Administração Obama, e que apenas favorecia Moscovo. No telefonema, Trump dedicou também algum tempo para falar sobre a sua própria popularidade, dá conta a agência.

O tratado começou a ter efeito em 2011, depois de ter sido completamente ratificado, e pode ser estendido por mais cinco anos, para lá de 2021. Passado este prazo, e se não forem negociados outros limites, tanto Washington como Moscovo ficam livres do tecto estabelecido ao fabrico de armamento nuclear.

Apesar de ter revelado desconhecimento sobre o acordo nuclear entre Washington e Moscovo, Trump já se referiu a este durante um debate na campanha eleitoral. Mesmo assim, errou no nome ao referir-se ao “START-Up”, acrescentando, também erradamente, que o acordo permitia o Kremlin continuar a fabricar armamento nuclear e, ao mesmo tempo, impedia os Estados Unidos de o fazer.

Contrariando esta visão de Trump, o secretário de Estado nomeado pelo republicano, Rex Tillerson, afirmou durante as audições no Senado para a confirmação da sua nomeação que apoiava o novo START defendendo que era importante para os EUA “continuar comprometido com a Rússia, mantê-los responsabilizados pelos compromissos feitos sob o novo START e também garantir a nossa responsabilidade”.

Este acordo nuclear foi ratificado pelo Senado americano e pela Duma russa em Dezembro de 2010, reunindo 71 votos a favor e 26 contra, lembra a Reuters, acrescentando que 13 senadores republicanos juntaram-se aos democratas para aprovar o tratado.

A Reuters explica também alguns detalhes da preparação que tradicionalmente é feita antes do Presidente estabelecer um contacto com algum líder estrangeiro. As fontes ouvidas pela agência explicam que, normalmente, o líder norte-americano recebe um documento explicativo por parte do Conselho de Segurança Nacional, que o elabora depois de consultar as agências de segurança mais relevantes, incluindo o Departamento de Estado ou o Pentágono. Antes de realizar o telefonema, o Presidente escuta também um pequeno briefing do seu conselheiro para a segurança nacional e do assessor especializado nos assuntos relativos ao país com quem se vai iniciar a conversação. No caso da conversa entre Trump e Putin isso não aconteceu.

A Reuters explica também que nem a Casa Branca nem o Kremlin se mostraram disponíveis para comentar o assunto.