Marcelo desvaloriza crescente presença espanhola na banca portuguesa

“A minha preocupação era que houvesse um monopólio de Espanha ou de qualquer outro país em Portugal”, disse o Presidente da República.

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Marcelo em Madrid EPA/JUAN CARLOS HIDALGO

O Presidente da República desvalorizou nesta quinta-feira, em Madrid, a crescente presença de capitais espanhóis no sector bancário português, considerando “muito bom” o facto de o espanhol CaixaBank ter tomado o controlo maioritário do BPI esta semana.

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O Presidente da República desvalorizou nesta quinta-feira, em Madrid, a crescente presença de capitais espanhóis no sector bancário português, considerando “muito bom” o facto de o espanhol CaixaBank ter tomado o controlo maioritário do BPI esta semana.

“A minha preocupação era que houvesse um monopólio de Espanha ou de qualquer outro país em Portugal”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, à entrada de um jantar oferecido pela Câmara do Comércio Hispano-Portuguesa.

O Presidente acrescentou que é “favorável a uma presença forte (…), mas diversificada” por vários países.

“Esta ligação entre os dois países corresponde àquilo que tinha na minha cabeça quando aqui estive a apresentar cumprimentos ao rei espanhol”, Felipe VI, em Março de 2016.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou o facto de Portugal ter “um fortíssimo banco público”, a Caixa Geral de Depósitos, e a presença de outros países, como Angola, China e os Estados Unidos da América no sector bancário.

O Presidente da República transmitiu, numa visita que fez há quase um ano a Madrid, ao rei de Espanha a sua posição sobre a crescente entrada de entidades financeiras espanholas em Portugal, salientando, na altura, que "uma presença significativa é diferente de ser exclusiva".

"Quando eu falei das relações económicas, é de imaginar que o sistema financeiro é uma componente importante. É conhecida a minha posição sobre essa matéria - segundo a qual é importante uma presença significativa espanhola em Portugal, o que é diferente de haver um exclusivo. Não é uma posição exclusiva a um país, é uma posição de fundo", disse Marcelo Rebelo de Sousa, na altura.

O grupo financeiro catalão CaixaBank passou a deter 84,5% dos direitos de voto do Banco BPI na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada sobre o banco português, num investimento total de 644,5 milhões de euros, concluída na quarta-feira.

Como o CaixaBank já detinha 45,5% do BPI, com esta oferta conseguiu adquirir mais 39%, uma vez que houve uma fatia de 15,49% do capital que não foi adquirido em oferta, segundo os resultados oficiais da operação, que foram hoje divulgados numa sessão especial de bolsa, na Euronext Lisbon.

Há dois anos, o Santander Totta - que pertence ao grupo espanhol Santander - comprou o Banif por 150 milhões de euros e o Bankinter comprou o negócio a retalho do Barclays Portugal.

No discurso que fez no jantar da Câmara de Comércio, para uma audiência de empresários dos dois países, Marcelo Rebelo de Sousa salientou a relação “única” entre Portugal e Espanha e deu como exemplo o aumento das trocas comerciais entre as duas economias.

O Presidente da República iniciou nesta quinta-feira uma deslocação de dois dias a Madrid, onde participa na sexta-feira num fórum da COTEC Europa para promover a transição para uma “Economia Circular”.

No encontro da COTEC Europa também irão estar presentes os chefes de Estado de Espanha e de Itália, e ainda empresários portugueses, espanhóis e italianos, além do comissário europeu da Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas.

A COTEC Europa foi criada com o objectivo de “ajudar a suprimir as especificidades características das economias do sul e que constituem barreiras à inovação”.

Os Encontros COTEC Europa realizam-se anualmente em Espanha, Itália e Portugal, de forma rotativa, e têm como objectivo principal o de proporcionar aos representantes dos fundadores ou associados das organizações COTEC dos três países (Fundación COTEC, Fondazione COTEC e COTEC Portugal) a oportunidade de reflexão e de diálogo sobre problemas comuns e necessidades específicas às empresas e às economias dos três países, no contexto europeu.