Depois da Marcha, as mulheres marcam uma greve internacional para 8 de Março

Mulheres de mais de 30 países estão a organizar uma greve marcada para o Dia Internacional da Mulher. À boleia da adesão mundial à Marcha das Mulheres, as activistas defendem um "novo movimento feminista" interseccional, que lute pelos mais desfavorecidos.

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Activistas querem aproveitar a adesão em massa à Marcha das Mulheres de 21 de Janeiro para impulsionar uma nova fase do movimento feminista. MIKE NELSON

Um grupo de activistas norte-americanas convocou esta segunda-feira, para o dia 8 de Março, uma greve internacional "contra a violência masculina e pela defesa dos direitos reprodutivos". O manifesto, publicado esta segunda-feira no jornal The Guardian, é assinado por activistas e académicas de renome, entre as quais Angela Davis, uma histórica da luta pelos direitos civis, e a filósofa política Nancy Fraser.

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Um grupo de activistas norte-americanas convocou esta segunda-feira, para o dia 8 de Março, uma greve internacional "contra a violência masculina e pela defesa dos direitos reprodutivos". O manifesto, publicado esta segunda-feira no jornal The Guardian, é assinado por activistas e académicas de renome, entre as quais Angela Davis, uma histórica da luta pelos direitos civis, e a filósofa política Nancy Fraser.

Seguindo o exemplo de manifestações recentes, como a greve de mulheres na Polónia contra a proibição do aborto, as activistas norte-americanas juntam-se ao movimento International Women's Strike, que está a ser organizado por “grupos feministas de cerca de 30 países”, incluindo Portugal. As activistas apelam à mobilização de mulheres e todos os que as apoiam num dia de greves e marchas, de “abstenção do trabalho doméstico, de cuidados e sexual” e da denúncia de “políticos e empresas misóginas”.

A iniciativa inspira-se nas reivindicações do colectivo Ni Una Menos, um movimento feminista que tem organizado várias manifestações na Argentina e que em Outubro do ano passado convocou uma greve contra a violência machista, que teve eco em vários países da América Latina

As activistas norte-americanas defendem que a Women's March (Marcha das Mulheres), que a 21 de Janeiro juntou mais de meio milhão de pessoas em Washington, pode marcar o início de uma nova onda de mobilização. O texto profetiza o surgimento de um “novo movimento feminista com uma agenda expandida” e interseccional, defendendo que a luta contra a violência contra as mulheres deve aliar-se a movimentos pelos direitos sociais e laborais  “um feminismo para os 99%”. O movimento afasta-se assim do chamado "feminismo lean in", com ênfase no empreendedorismo, para se aproximar de uma vertente anti-capitalista.

Nos Estados Unidos, a Marcha das Mulheres opôs-se a Donald Trump e às suas “políticas agressivamente misóginas, homofóbicas, transfóbicas e racistas”, reivindicando não apenas os direitos das mulheres — como o acesso a cuidados de saúde e planeamento familiar gratuitos e o fim da desigualdade salarial entre homens e mulheres — mas os de outras minorias, lutando contra o racismo, a homofobia, a desigualdade, a discriminação e a intolerância em geral. A organização da Women's March on Washington já lançou um apelo à greve geral, sem precisar a data.

Em Portugal, foram realizadas “marchas-irmãs” em protesto contra Trump, mas também como uma acção para reafirmar a luta contra o assédio sexual.

Além da histórica activista Angela Davis e da académica Nancy Fraser, o apelo para a greve de mulheres de 8 de Março é assinado também por Keeanga-Yamahtta Taylor, autora do livro #BlackLivesMatter to Black Liberation, Rasmea Yousef Odeh, directora da Arab American Action Network, e as investigadoras Linda Martín Alcoff, Cinzia Arruzza, Tithi Bhattacharya, Barbara Ransby.

(notícia actualizada para incluir referência ao movimento International Women's Strike)