Petição tenta travar transformação de prédio dos anos 70 em hotel pombalino

Signatários dizem que o projecto, que o PÚBLICO revelou na segunda-feira, é "um total branquamento da história da cidade"

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O edifício tem 33 painéis de azulejos de António Vasconcelos Lapa Nuno Ferreira Santos

Foi lançada uma petição para que a Câmara Municipal de Lisboa não autorize a transformação de um prédio dos anos 70 do Chiado num hotel com fachada de estética pombalina.

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Foi lançada uma petição para que a Câmara Municipal de Lisboa não autorize a transformação de um prédio dos anos 70 do Chiado num hotel com fachada de estética pombalina.

Tal como o PÚBLICO noticiou na segunda-feira, a empresa de investimentos imobiliários Coporgest quer criar um hotel de cinco estrelas em dois imóveis do Largo Bordalo Pinheiro e da Rua Nova da Trindade. Um dos edifícios foi construído na década de 1970, destaca-se pelas linhas modernistas e por um conjunto de 33 painéis de azulejos desenhados pelo ceramista António Vasconcelos Lapa. A intenção dos arquitectos do hotel é que o prédio seja transformado para que passe a ter “uma imagem arquitectónica mais integrada com a envolvente edificada”. Uma “reinterpretação contemporânea” da arquitectura pombalina, lê-se na memória descritiva do processo.

Esta pretensão tem sido apoiada pela Direcção-Geral do Património Cultural, pelos serviços da câmara e inclusivamente pelo director municipal do Urbanismo. Mas existe um parecer da Estrutura Consultiva Residente – entidade encarregada de vigiar a aplicação do Plano Director Municipal e do Regulamento Municipal da Urbanização e Edificação de Lisboa – que é claramente desfavorável. A estrutura afirma que o edifício em causa é “uma peça de arquitectura com qualidade, cuja manutenção devia ser ponderada” e defende igualmente a manutenção dos azulejos no local.

Os signatários da petição – 430 à hora de publicação deste artigo – consideram que o projecto em apreciação é “um total branqueamento da história da cidade através da adopção de pastiches desnecessários” e pedem à autarquia que o mesmo não seja aprovado. Pedem igualmente que o edifício, desenhado pelos arquitectos Diogo José de Mello e João Andrade e Sousa, seja incluído na lista de bens da Carta Municipal do Património Edificado e Paisagístico.