Salvação da Soares da Costa aprovada à tangente. CGD votou contra

Grupo Caixa Geral de Depósitos votou vencido contra o plano de recuperação apresentado pela administração da construtora. Resultado vai permitir viabilizar marca centenária.

Fotogaleria

O plano de recuperação apresentado pela administração da Soares da Costa mereceu o voto favorável de 51,08% dos votos dos credores. Trata-se de uma votação pouco mais do que tangencial mas que permite a recuperação da empresa, graças à mobilização dos credores. Votaram 98% dos créditos reclamados, sendo que o principal credor, composto pelo grupo Caixa Geral de Depósitos, e cujo peso nos créditos em apreciação chegava perto dos 30 por cento, votou contra a proposta apresentada pela administração da empresa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O plano de recuperação apresentado pela administração da Soares da Costa mereceu o voto favorável de 51,08% dos votos dos credores. Trata-se de uma votação pouco mais do que tangencial mas que permite a recuperação da empresa, graças à mobilização dos credores. Votaram 98% dos créditos reclamados, sendo que o principal credor, composto pelo grupo Caixa Geral de Depósitos, e cujo peso nos créditos em apreciação chegava perto dos 30 por cento, votou contra a proposta apresentada pela administração da empresa.

A um ano de comemorar o primeiro centenário, e a enfrentar um processo de insolvência desde Agosto do ano passado,  a Soares da Costa pode ter tido aqui a primeira prenda antecipada, já que nas últimas semanas tem estado verdadeiramente em suspenso, até ao final, do resultado desta votação. Ela ainda não é definitiva, e precisará de ser homologada pelo juiz que está com o processo (e que tem um prazo de dez dias para se pronunciar), mas já permitiu um primeiro respirar de alívio. As incertezas que existiam quanto ao sentido de voto da Caixa Geral de Depósitos acabaram por se confirmar pelas piores expectativas. “Foi sobretudo a mobilização de fornecedores e trabalhadores que permitiu que este processo de viabilização possa ir para a frente”, admitiu, em declarações ao PÚBLICO Pedro Pidwell, nomeado administrador de insolvência neste processo.

Contactada pelo PÚBLICO, a administração da Soares da Costa mostrou-se particularmente satisfeita com o resultado. “A Soares da Costa regozija-se com a aprovação clara do plano de viabilização que apresentou. Desta forma acreditamos que é possível viabilizar uma marca centenária e que tem grande impacto na economia e na criação de empregos”, afirmou fonte oficial da Soares da Costa.

Em causa estão cerca de 1200 trabalhadores que, no plano votado favoravelmente, conseguirão recuperar quase integralmente o seu passivo. Isto porque a administração da empresa assegurou uma linha de financiamento de 45 milhões de euros, negociada a três anos, para suportar necessidades de tesouraria e os custos da reestruturação da construtora, e era ao sector bancário a quem era pedido o maior esforço no perdão de divida. Com créditos reclamados a chegar aos 696,7 milhões de euros, à banca era proposto um perdão de 75% das dívidas em euros, e de 35% das dívidas contraídas na moeda angolana, sendo que o remanescente deveria ser pago em 18 anos.

De acordo com a informação sistematizada ao PÚBLICO pelo administrador de insolvência houve quase 98% dos credores que manifestaram o seu sentido de voto face a um plano que pressupunha um perdão de cerca de 75% das dívidas em euros, e de 35% das dívidas contraídas na moeda angolana. E que foram menos de cinco por cento aqueles que se manifestaram com votos brancos e nulos, “ou que manifestaram claramente a vontade de se abster nesta votação”, como confirmou ao PÚBLICO, Pedro Pidwell, o administrador de insolvência deste processo que conta com quase três mil credores.

De acordo com a proposta de recuperação da empresa, que ainda vai ser validada por um juiz, a administração liderada por Joaquim Fitas compromete-se ainda a alienar alguns dos seus activos, nomeadamente o negócio em Moçambique, no primeiro semestre deste ano, bem como os 4% que detém na subconcessionária que gere a auto-estrada Transmontana.