"Optimismo, inclusão e humanidade": a América dos anúncios do Super Bowl

São os minutos mais caros na publicidade televisiva norte-americana e surpreendem pela criatividade. Este ano, a actualidade política foi um dos temas adoptados pelas grandes marcas.

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A Airbnb foi uma das publicidades mais elogiadas DR

Política e imigração foram os temas mais escolhidos pelas marcas que compraram os minutos de publicidade vistos pelos milhões de norte-americanos que este domingo assistiram à 51.ª edição do Super Bowl, vencida pelos New England Patriots. Numa indústria que movimenta milhões de dólares, e com várias empresas a apostarem em mensagens que apelam a uma política de integração, igualdade de direitos e diversidade cultural, a publicidade que acompanhou a final da Liga de futebol americano foi encarada como uma resposta à política de imigração de Donald Trump. Um dos anúncios foi cortado pela Fox por ser "demasiado político".

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Política e imigração foram os temas mais escolhidos pelas marcas que compraram os minutos de publicidade vistos pelos milhões de norte-americanos que este domingo assistiram à 51.ª edição do Super Bowl, vencida pelos New England Patriots. Numa indústria que movimenta milhões de dólares, e com várias empresas a apostarem em mensagens que apelam a uma política de integração, igualdade de direitos e diversidade cultural, a publicidade que acompanhou a final da Liga de futebol americano foi encarada como uma resposta à política de imigração de Donald Trump. Um dos anúncios foi cortado pela Fox por ser "demasiado político".

Assistir ao Super Bowl não é só ver futebol norte-americano. Todos os anos, milhões de pessoas param para acompanhar a final. Em 2016, a final de futebol norte-americano foi vista por 111,9 milhões de telespectadores, o que explica o elevado investimento das marcas na sua produção. Para além da actuação durante o intervalo do jogo (que este ano coube a Lady Gaga), o que fica depois da entrega do título são os anúncios escolhidos, os mais caros da televisão norte-americana, conhecidos pela originalidade e pela criatividade (e alguma excentricidade).

Numa lista de 62 anúncios compilada pela Advertising Age, destacam-se algumas empresas que fizeram questão de deixar clara a sua posição acerca do actual momento político vivido pelos Estados Unidos. Uma das mais elogiadas foi a da Airbnb, que reagiu explicitamente ao decreto presidencial – entretanto já suspenso por um juiz federal – assinado por Donald Trump, que proíbe temporariamente a entrada no país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana.

Num anúncio de 30 segundos, a Airbnb mostra uma série de pessoas de diferentes etnias, géneros e idades, com a seguinte mensagem: "Não importa quem és, e de onde és, quem amas e em quem acreditas, todos nós temos o nosso lugar" ("No matter who you are, where you're from, who you love or who you worship, we all belong"). O vídeo termina com a palavra-chave #weaccept (nós aceitamos).

Minutos depois de a publicidade ser exibida, o director-geral da Airbnb, Brian Chesky, anunciou que a empresa iria ajudar o Comité Internacional de Socorro com quatro milhões de dólares durante quatro anos e que iria garantir alojamento para cerca de 100 mil pessoas nos próximos cinco anos.

A maior polémica aconteceu com a marca 84 Lumber, especialista em materiais de construção. No seu vídeo publicitário, a empresa mostra duas personagens, mãe e filha, que tentam chegar aos EUA. Sem nacionalidade identificada, a mulher e s criança falam em espanhol enquanto tentam atravessar todos os desafios na sua jornada até um novo país de oportunidades. No entanto, conta a CNN, o vídeo foi censurado. A versão completa de 90 segundos mostra as personagens dos anúncio a chegarem a um muro gigante. A mãe chora e nesse momento a filha tira da mochila uma bandeira norte-americana feita de retalhos que foi recolhendo ao longo do caminho. As duas seguem a luz que atravessa o muro para descobrir uma porta de madeira. Na versão exibida este domingo pela Fox, o anúncio termina antes de aparecer a imagem do muro, com uma mensagem que convida os espectadores a conhecer o final no site da marca. Num comunicado, a empresa sublinhou estar "à procura de pessoas com garra, determinação e coração, independentemente de quem são, de onde vieram ou de como se parecessem", cita a CNN, com o objectivo de recrutar novos funcionários para a empresa, justificou um porta-voz da empresa de construção.

O anúncio, que segundo o canal custou à empresa 15 milhões de euros, foi cortado pela Fox por ser demasiado “controverso”, uma vez que a referência ao muro pode ser facilmente interpretada como uma crítica ao muro que o Presidente norte-americano já confirmou que irá construir ao longo da fronteira com o México.

Outra das mensagens fortemente elogiadas foi a da marca de cerveja norte-americana Budweiser, que recordou a história da sua fundação. Na publicidade, a empresa lembra as suas origens com a chegada aos EUA de um dos seus fundadores, o imigrante alemão Adolphus Busch.

A Coca-Cola acompanhou o seu anúncio (reutilizado de uma publicidade de 2014) com uma mensagem de união. “Acreditamos que a América é linda e que a Coca-Cola foi feita para todos. Vamos celebrar os momentos entre todos os americanos que promovem optimismo, inclusão e humanidade — valores que nos aproximam”.

Também a empresa de viagens online Expedia apostou numa mensagem solidária. No vídeo exibido este domingo mostra uma mulher que percorre o mundo para socorrer migrantes e ajudar os mais necessitados.