Suspeitas sobre emprego de filhos de Fillon levam a buscas no Senado
Uma sondagem para a Franceinfo mostra que 61% dos eleitores acreditam que o candidato da direita não deve continuar na corrida presidencial.
A polícia francesa fez esta sexta-feira buscas no Senado, em Paris, à procura de informação relacionada com o trabalho desempenhado pelos dois filhos mais velhos do candidato da direita às presidenciais, François Fillon, que este empregou enquanto era senador pelo Sarthe, entre 2005 e 2007.
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A polícia francesa fez esta sexta-feira buscas no Senado, em Paris, à procura de informação relacionada com o trabalho desempenhado pelos dois filhos mais velhos do candidato da direita às presidenciais, François Fillon, que este empregou enquanto era senador pelo Sarthe, entre 2005 e 2007.
Fillon esforça-se para se manter como candidato do partido Os Republicanos, face às acusações de que deu um emprego fictício à sua mulher, como assistente parlamentar, durante vários anos, pagando-lhe um salário que totalizou 900 mil euros, saídos do erário público, sem que ela tenha desempenhado realmente quaisquer funções. Os filhos, Charles e Marie, terão recebido 84 mil euros, entre os dois, quando ainda não tinham completado a sua formação como advogados.
Na noite passada, um documentário transmitido pela televisão France 2 recuperou uma entrevista de 2007 de Penelope Fillon ao jornal britânico The Telegraph, em que diz que "nunca foi assistente, ou qualquer coisa do género" do seu marido. Mas nessa data, já estava há pelo menos quatro anos a trabalhar como assistente parlamentar de Fillon.
Na entrevista, que deu sentada num café de Paris, disse que do que gostava era de estar na sua casa no campo, a cuidar dos filhos e com os seus livros. Nunca, acrescentou, tinha "tratado da comunicação" do marido.
A sequência de revelações desde que o semanário Le Canard Enchainé começou a divulgar o "caso Penelope", na semana passada, fez descer a popularidade de François Fillon. Neste momento, está mais ou menos empatado com o rival Emmanuel Macron e já não é dado como certo que considerá passar à segunda volta das presidenciais. O candidato que chegar às eleições de 7 de Maio deve defrontar Marine Le Pen.
As sondagens estão a punir Fillon, mas o candidato diz que está a ser alvo de um complot, e tem resistido às dúvidas sobre a sua capacidade de continuar na corrida presidencial. O político de 62 anos jurou, na quinta-feira, num comício nocturno no Nordeste de França, que ia lutar contra o que chamou de “exercício de demolição”.
“Querem destruir-me, e mais do que isso, querem destruir a direita e roubar a eleição”, afirmou, perante cerca de mil pessoas. Até ao escândalo sobre os pagamentos à sua mulher e família, Fillon era dado como vencedor da segunda volta das presidenciais.
Uma sondagem da Odoxa para a rádio Franceinfo mostrou que 61% dos eleitores acreditam que Fillon não deve continuar na corrida presidencial.
As críticas também vêm do interior do próprio partido: “Um milhão de euros não é uma soma pequena”, afirma Rachida Dati, ministra da Justiça durante o mandato de Nicolas Sarkozy, Pesidente entre 2007 e 2012. “Ele não tem um apoio unânime”, disse à estação de rádio RMC.