All we need is Ethics
Só podem ser os valores da Ética e a sua centralidade a estruturar, como traves-mestras, a vida colectiva das pessoas.
All you need is love – tudo o que necessitas é de amor – é a profunda e sempre actual mensagem que os Beatles mostraram ao homem na década de 60 do século passado e que ainda hoje continua a ser utilizada e escutada como uma espécie de hino, de alegria, à vida e ao seu sentido.
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All you need is love – tudo o que necessitas é de amor – é a profunda e sempre actual mensagem que os Beatles mostraram ao homem na década de 60 do século passado e que ainda hoje continua a ser utilizada e escutada como uma espécie de hino, de alegria, à vida e ao seu sentido.
Era e é uma mensagem acerca da importância central e indiscutível do amor na vida de cada indivíduo.
E foi precisamente o sentido desta mensagem, brilhantemente sintetizado no seu título, que suscitou esta crónica. Se o amor é efectiva e indiscutivelmente uma dimensão central na vida de cada um de nós, qual será – questionei-me – a dimensão central que enquadra a nossa vida colectiva?
É a Ética! – foi a resposta a que acabei por chegar. Só podem ser os Valores da Ética e a sua centralidade a estruturar, como traves-mestras, a vida colectiva das pessoas. A nossa vida conjunta.
Mas não é só da dimensão filosófica da Ética, daquela que alimenta bonitos discursos de circunstância, que nos referimos. É essencialmente da sua dimensão operacional, da Integridade. Da dimensão que advém das práticas genuínas e das condutas que traduzem e operacionalizam os Valores centrais em que a generalidade dos indivíduos acredita e nos quais se revê. Dos Valores que são interiorizados através do processo de aculturação, como sejam por exemplo a liberdade, a justiça, a igualdade, a fraternidade, a honra, a tolerância, entre outros.
Já vimos, noutros textos, que o homem tem uma natureza gregária. Que é em grupo que edifica e concretiza os seus projectos e que a sua vida adquire um sentido – Ninguém vive nem se realiza sozinho!
E a vivência colectiva, como também vimos, implica contextos muito próprios. É um processo dinâmico baseado essencialmente na comunicação, na troca permanente de experiências e conhecimentos, e na entreajuda e partilha de projectos e ideias. Mas é também um processo que tem uma natureza que é capaz de gerar tensões e conflitos, que derivam fundamentalmente de situações de confronto de interesses díspares, que se chocam, sobretudo quando a capacidade de cedência de pelo menos uma das partes é reduzida.
A coesão do grupo desenvolve-se em torno do jogo e do equilíbrio de forças que se desenha a cada momento, sendo mais forte em contextos de maior alinhamento de interesses, e menos forte, para não dizer mais fraco, em contextos de maior tensão. Um elemento que se tem revelado de enorme importância para a manutenção da coesão do grupo é a confiança. A confiança pode ser vista como uma espécie de cimento, de cola social, que faz com que as ligações entre os indivíduos sejam mais sólidas, consistentes e autênticas. E a confiança constrói-se precisamente com a Integridade. Com a capacidade de os sujeitos adoptarem condutas que vão ao encontro das expectativas daqueles com quem se relacionam. Que traduzam inequivocamente e de modo genuíno os valores da Ética.
A dimensão da Ética é central na vida colectiva do homem. Tudo o que necessitamos é de Ética – All we need is Ethics.
Vice-Presidente do OBEGEF – Observatório de Economia e Gestão de Fraude