Marine Le Pen recusa devolver dinheiro ao Parlamento Europeu
Líder da extrema-direita francesa acusada de ter usado fundos europeus para remunerar a sua assistente parlamentar, que afinal estava a trabalhar para a Frente Nacional.
Depois de François Fillon, um outro candidato à Presidência francesa, Marine Le Pen, encontra-se a contas com a justiça. Neste caso é o Parlamento Europeu (PE) que exige à líder da Frente Nacional (FN) a devolução de cerca de 300 mil euros, alegadamente pagos à sua amiga e secretária Catherine Griset na qualidade de assistente parlamentar em Estrasburgo, quando o seu trabalho foi essencialmente desenvolvido no partido nacionalista francês, em Paris, entre o final de 2010 e Fevereiro de 2016.
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Depois de François Fillon, um outro candidato à Presidência francesa, Marine Le Pen, encontra-se a contas com a justiça. Neste caso é o Parlamento Europeu (PE) que exige à líder da Frente Nacional (FN) a devolução de cerca de 300 mil euros, alegadamente pagos à sua amiga e secretária Catherine Griset na qualidade de assistente parlamentar em Estrasburgo, quando o seu trabalho foi essencialmente desenvolvido no partido nacionalista francês, em Paris, entre o final de 2010 e Fevereiro de 2016.
O PE deu mesmo um prazo a Le Pen para a regularização da situação, que terminou à meia-noite desta terça-feira, findo o qual a instância comunitária começaria a descontar essa verba no salário e nos subsídios da eurodeputada francesa. Mas a líder nacionalista recusou-se a acatar essa exigência, e recorreu para o tribunal.
“Não me vou submeter à perseguição, a uma decisão unilateral tomada por opositores políticos com esta execução provisória que viola o estado de direito, os direitos de defesa, sem provas e sem esperar pelo julgamento da acção judicial que interpus sobre o assunto”, disse Marine Le Pen, terça-feira, à agência Reuters, justificando assim a sua decisão.
Por intermédio do seu advogado, Marcel Ceccaldi, a líder da FN apresentou queixa no Tribunal de Bruxelas contra a directora do Serviço Europeu de Luta Antifraude (Olaf) e contra o secretário-geral do PE, Klaus Well, e acusou ambas as instâncias de “conluio” e perseguição.
Segundo o jornal Le Figaro, fontes da FN vêem também neste processo um acto de “vingança” política instigada ainda pelo o alemão Martin Schultz, ex-presidente socialista do PE e actualmente na corrida para a sucessão de Angela Merkel nas eleições alemãs.
O Le Monde refere que, em paralelo com a exigência da devolução dos salários pagos a Catherine Griset, o PE moveu também uma acção tendente a recuperar perto de 40 mil euros pagos em 2011 a Thierry Légier, alegado assistente parlamentar de Le Pen, mas que, na prática, é o seu guarda-costas particular. Essa verba terá de ser reembolsada até ao próximo dia 28 de Fevereiro.
O Le Monde acrescenta ainda que o Olaf fora já alertado pelo PE, em Março de 2015, sobre suspeitas de outras situações fraudulentas no que diz respeito ao emprego de vinte outros assistentes parlamentares pelo partido da extrema-direita francesa.
Contestando todas as acusações, Marine Le Pen reafirmou à AFP a decisão de não acatar a exigência de pagamento dos 300 mil euros. “Para os reembolsar, era preciso que eu os tivesse recebido, mas eu não me chamo François Fillon”, disse a líder da FN, referindo-se ao processo que actualmente decorre em França em volta do candidato do partido Os Republicanos à Presidência, também acusado de ter criado um emprego fictício para a sua mulher, Penelope, no Parlamento francês.
Marine Le Pen e François Fillon lideram actualmente as sondagens para a primeira volta das presidenciais em França, que acontecerá a 23 de Abril. A segunda volta realiza-se a 7 de Maio.