Destroços de submarino alemão da II Guerra Mundial encontrados no mar dos Açores
"Está a 870 metros de profundidade e é uma oportunidade [para estudo científico] grande, porque foi colonizada por corais", diz Kirsten Jakobsen, que encontrou os destroços.
Os destroços do submarino alemão U-581, utilizado na II Guerra Mundial, foram encontrados a quase 900 metros de profundidade no mar dos Açores por uma equipa de investigadores da Fundação Rebikoff-Niggeler, foi anunciado nesta quarta-feira.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os destroços do submarino alemão U-581, utilizado na II Guerra Mundial, foram encontrados a quase 900 metros de profundidade no mar dos Açores por uma equipa de investigadores da Fundação Rebikoff-Niggeler, foi anunciado nesta quarta-feira.
"A descoberta foi feita no dia 13 de Setembro de 2016. Os destroços do submarino encontram-se a sul [de São Mateus] da ilha do Pico, nos Açores", declarou à agência Lusa Kirsten Jakobsen, que, juntamente com o marido, Joachim Jakobsen, encontrou os destroços do submarino, entretanto transformados "num autêntico recife de coral de águas frias".
A alemã Kristen Jakobsen, que vive há 17 anos na ilha do Faial, adiantou que o submarino alemão U-581 foi afundado a 2 de Fevereiro de 1942 pela própria tripulação junto à ilha do Pico, após ter sido perseguido e atacado pelo navio inglês HMS Westcott.
"Os destroços do naufrágio transformaram-se num autêntico recife de coral de águas frias. Estão a 870 metros de profundidade e são uma oportunidade [para estudo científico] grande, porque foram colonizados por corais, sobretudo esponjas", referiu Kristen Jakobsen, sublinhando que "estamos perante ecossistemas vulneráveis" dos quais "se sabe ainda muito pouco sobre as taxas de crescimento".
Numa primeira fase, decorrida entre Março e Setembro de 2016, a equipa da Fundação Rebikoff-Niggeler localizou o sítio dos destroços do U-581, primeiro estudando os relatórios sobre o afundamento e, a seguir, usando equipamentos de alta tecnologia, incluindo métodos de detecção remota com sonar multifeixe e sonar de varrimento lateral.
Em comunicado, a Fundação Rebikoff-Niggeler explica que Kirsten e Joachim Jakobsen verificaram a posição dos destroços do submarino utilizando o submersível tripulado LULA 1000 e que a prospecção decorreu com "a devida autorização da Direcção Regional da Cultura do Governo Regional dos Açores".
"Usámos tecnologias acústicas remotas para a busca e, devido à grande vigia panorâmica do nosso submersível, conseguimos encontrar visualmente os destroços do naufrágio", precisou Joachim Jakobsen no comunicado.
Para Kristen Jakobsen, que desenvolve com o marido tecnologia para investigação subaquática do meio marinho profundo, o facto de os destroços estarem no fundo do mar é, por si só, "uma razão de protecção e salvaguarda" deste património, que "vai agora ser estudado no seu âmbito histórico, social e também do ponto de vista da biologia marinha".
A Fundação Rebikoff-Niggeler é uma instituição de utilidade pública com sede na ilha do Faial. Opera o único submersível tripulado de investigação existente em Portugal, o LULA 1000, com capacidade para mergulhar até 1000 metros de profundidade, com uma tripulação de três pessoas.
Além dos projectos de investigação científica e cartografia de habitats do mar profundo, o LULA 1000 tem sido utilizado para realizar filmagens para documentários de canais de televisão como a BBC, a National Geographic e outros.