Suicídios nas polícias devem-se sobretudo a problemas pessoais, conclui estudo
Na origem do fenómeno estão “problemas que afectam todo e qualquer cidadão, independentemente de pertencer ou não à GNR e à PSP: conflitos, rupturas."
Os suicídios na PSP e na GNR devem-se sobretudo a problemas pessoais, concluiu um estudo cujas conclusões foram divulgadas nesta terça-feira.
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Os suicídios na PSP e na GNR devem-se sobretudo a problemas pessoais, concluiu um estudo cujas conclusões foram divulgadas nesta terça-feira.
Na origem do fenómeno nas forças de segurança estão “problemas que afectam todo e qualquer cidadão, independentemente de pertencer ou não à GNR e à PSP: conflitos, rupturas, etc”, explicou um dos autores do trabalho, Jorge Costa Santos, especialista em ciências forenses - sem escamotear, porém, a "cultura policial", a exposição à violência e o acesso a armas como factores relevantes.
Em 2016 quatro agentes puseram termo à vida, dois polícias e dois guardas, mas no ano anterior tinham sido 12. Numa conferência de imprensa no Ministério da Administração Interna, Jorge Costa Santos explicou o que os distingue dos colegas que continuam vivos: são mais frequentemente divorciados, estão envolvidos em mais processos disciplinares e judiciais e têm por norma mais dívidas e penhoras – e também maior absentismo por doença.
O retrato-robot dos que consumaram o suicídio difere ligeiramente consoante estejamos a falar da PSP ou da GNR: a idade média dos polícias que se suicidaram e pertenciam a esta última corporação é de 38 anos, enquanto na PSP é de 43; na GNR há casos em que foi usada a arma pessoal, e não a de serviço, enquanto na PSP foi sempre a de serviço. Nem a uns nem a outros eram conhecidos hábitos alcoólicos, diz o resumo do estudo distribuído aos jornalistas, a quem foi negado acesso ao documento integral – muito embora a literatura sobre o fenómeno nas forças de segurança aponte para uma tríade composta por álcool, depressão e stress crónico. Porém, as conclusões do trabalho traçam um cenário algo diferente: revelam que "mais de um quarto dos sujeitos possuía hábitos alcoólicos excessivos".