Loja portuguesa retira fatos de Carnaval de refugiado e pede desculpa
Empresa portuguesa que colocou à venda um "fato de refugiado" para menino retirou-o da loja e lamenta o sucedido
A Casa do Carnaval, empresa portuguesa que se dedica ao comércio de artigos para Carnaval e outras festas, retirou o "fato de refugiado" para menino da sua loja e lamenta a situação.
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A Casa do Carnaval, empresa portuguesa que se dedica ao comércio de artigos para Carnaval e outras festas, retirou o "fato de refugiado" para menino da sua loja e lamenta a situação.
"Foi retirado por completo. Não fazíamos ideia do tamanho erro que tínhamos feito", lamentou ao P3 Nuno Santos, gestor da loja, justificando a situação como uma falha na listagem de produtos enviados pelo fornecedor. "Foi um erro nosso e pedimos desculpa." O traje, na verdade, representa as crianças que durante a Segunda Guerra Mundial foram evacuadas dos grandes centros urbanos ingleses por causa do perigo de bombardeamentos (Operation Pied Piper), levando na lapela uma etiqueta com o nome. Hoje em dia, na escola, os alunos ingleses costumam inclusive assinalar o Evacuee Day, vestindo-se como estas crianças e aprendendo sobre a vida neste período da História. Pode ter-se tratado, portanto, de um problema de tradução. O disfarce foi entretanto enviado de volta para os fornecedores, sendo que com este acto a SOS Racismo entende a situação como "resolvida".
Esta terça-feira, um post da SOS Racismo acendeu alguma polémica no Facebook. A loja centenária portuguesa tinha à venda no seu site um "fato de refugiado" para menino, o que mereceu o repúdio da organização não-governamental. Depois de o nome ter sido alterado para "fato menino escolar", o artigo foi por fim eliminado da loja.
O caso foi comunicado à SOS Racismo por uma pessoa que procurava na Internet artigos de Carnaval para crianças e se deparou com o fato, como explicou esta manhã ao P3 Nuno Silva, do núcleo do Porto: "Achamos inadmissível que num produto destinado a um público infantil utilizem o tema dos refugiados. Está tudo mal: o destinatário, a forma como a mensagem é passada. É um tema delicado — estamos a falar do sofrimento de pessoas — que não deve ser tratado desta forma, com ar de gozo e de modo pouco pedagógico." O dirigente sublinhou ainda que a loja tem à venda outros produtos de um "mau gosto tremendo" como fatos de generais que se assemelham aos uniformes da SS: "Achamos preocupante que este tipo de produtos se destinem às crianças."
Este não é o primeiro caso em que o drama dos refugiados inspira máscaras de Carnaval. A Amazon italiana também tinha à venda fatos de refugiados que, depois de protestos da Caritas e de vários clientes, foram retirados.
Artigo actualizado às 16h11 com as informações relativas à Operation Pied Piper.