Utentes do Ramal da Lousã voltam a Lisboa para pedir reposição do comboio

Assembleia da República discute reposição da linha centenária suspensa para construção do Metro Mondego

Foto
pr PAULO RICCA

No dia em que a questão do Metro Mondego volta à Assembleia da República, os habitantes da região que ficou sem o Ramal da Lousã vão a Lisboa, para pedir o regresso da linha de comboio.<_o3a_p>

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No dia em que a questão do Metro Mondego volta à Assembleia da República, os habitantes da região que ficou sem o Ramal da Lousã vão a Lisboa, para pedir o regresso da linha de comboio.<_o3a_p>

A iniciativa parte do Trevim, um jornal da Lousã que organizou em 2016 uma recolha de assinaturas pela reposição da linha férrea. A petição, que depois contou com o apoio de movimentos como o “Lousã pelo Ramal” foi subscrita por mais de 8 mil pessoas, o que faz com que o assunto tenha que ser discutido no parlamento. <_o3a_p>

A organização espera levar cerca de 300 pessoas a Lisboa, em autocarros cedidos pelas autarquias da Lousã e Miranda do Corvo e pela junta de freguesia do Ceira, do concelho de Coimbra. Os utentes reclamam que o Estado e as autarquias reponham o serviço ferroviário, assumindo este como uma “prioridade política”.<_o3a_p>

O objectivo não é fazer uma manifestação, conta ao PÚBLICO Orlando Reis, da administração da publicação, mas sim assistir ao debate das bancadas da Assembleia da República (AR). Mas está previsto que, para além de cartazes com reivindicações, os antigos utentes do Ramal da Lousã levem consigo “sinalética relacionada com a ferrovia”, para as ruas da capital. <_o3a_p>

Será também distribuída uma edição especial do jornal que explica os motivos da petição e faz a apologia do regresso dos comboios àquela linha, antecipa Orlando Reis. <_o3a_p>

A discussão no Parlamento está marcada para esta quarta-feira, na sessão plenária da tarde. Uma das últimas vezes que a Assembleia da República se debruçou sobre este dossier foi para aprovar uma recomendação do PCP de reposição do ramal e extinção da Sociedade Metro Mondego, em Fevereiro de 2016. O PS absteve-se. <_o3a_p>

A recomendação vai no sentido da posição tanto a nível nacional como local da CDU, que sempre se manifestou a favor da reposição, modernização e eletrificação da linha do Ramal da Lousã. <_o3a_p>

Neste sentido, Orlando Reis explica que os habitantes da região não estão a pedir nada que seja inatingível. “A solução está clara: tínhamos uma coisa e foi-nos tirada, a exigir aquilo que nos roubaram”, afirma. <_o3a_p>

A petição organizada no ano passado pelo Trevim não é a primeira. “Em 2008 [ainda antes de a circulação no ramal ser suspensa] houve uma do Movimento de Defesa do Ramal da Lousã, quando ainda não tinham começado as obras”, recorda lembrando que, na altura já se “antevia que seria um processo sem retorno”. <_o3a_p>

Tal como não é a primeira petição, também não é a primeira acção de protesto. Ao longo dos anos as manifestações sucederam-se em vários locais e formas. Foram desde uma concentração à porta do então primeiro-ministro, Passos Coelho, em 2014, até ao boicote às legislativas de 2011 em duas freguesias da Lousã e Miranda do Corvo.  <_o3a_p>

Em Setembro deste ano foi a vez de o Movimento Cívico de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo, defender um transporte sobre carris, quer seja metro ligeiro ou comboio, para aquele trajecto.<_o3a_p>

Sem futuro definido <_o3a_p>

Foi ultrapassado mais um prazo no já longo processo do Metro Mondego e ainda não é desta que se fica a saber qual o transporte que vai ligar Lousã e Coimbra; se passa pela reposição do comboio, pelo metro ligeiro de superfície ou pelo BRT (bus rapid transit). <_o3a_p>

Em Setembro, depois da assembleia geral da Sociedade Metro Mondego, os autarcas de Miranda do Corvo, Lousã e Coimbra afirmaram que a solução para o sistema de transporte deveria ser conhecido até Janeiro de 2017. Uma decisão da tutela estaria dependente de um novo estudo, a ser elaborado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil e encomendado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro (CCDRC). Contactada pelo PÚBLICO no último dia de Janeiro, a CCDRC fez saber que ainda não recebeu o estudo. <_o3a_p>

Os caminhos de ferro entre Coimbra e a Lousã, foram levantados e as obras para a construção do Metro Mondego chegaram a arrancar, mas foram depois suspensas por razões financeiras. A 2 de Dezembro de 2009, a ligação entre Miranda do Corvo e Serpins foi suspensa e a 4 de Janeiro do ano seguinte foi cortada a circulação na totalidade do Ramal da Lousã. <_o3a_p>

O percurso da antiga linha é hoje um caminho de terra batida, ao longo de qual se vão encontrando plataformas de betão que seriam as paragens do metro e utilizado para caminhadas e para passear animais de estimação. <_o3a_p>

O transporte apresentado como provisório aquando da suspensão da linha centenária – um autocarro que percorre a Estrada da Beira – ainda é o que serve as populações, sete anos depois. <_o3a_p>