Três perguntas a Philippe Mendes
O galerista luso-francês acredita que a arte portuguesa pode finalmente conquistar o seu espaço no Museu do Louvre.
Nascido em Paris em 1977, filho de imigrantes portugueses, Philippe Esteves Mendes estudou Direito na Sorbonne, e depois História da Arte entre a Escola do Louvre e os Museus do Vaticano, em Roma. Especializou-se em pintura italiana do século XVII, e regressou ao museu de Paris para integrar o seu departamento científico e leccionar História da Pintura Italiana. Em 2008, estabeleceu-se por conta própria com uma galeria de arte e antiguidades no centro de Paris (Galerie Mendes, rue de Penthièvre, 36 e 45). Nos últimos anos tem andado à redescoberta das suas raízes lusas através da história da arte. E acredita que a arte portuguesa pode finalmente conquistar o seu espaço no Museu do Louvre.
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Nascido em Paris em 1977, filho de imigrantes portugueses, Philippe Esteves Mendes estudou Direito na Sorbonne, e depois História da Arte entre a Escola do Louvre e os Museus do Vaticano, em Roma. Especializou-se em pintura italiana do século XVII, e regressou ao museu de Paris para integrar o seu departamento científico e leccionar História da Pintura Italiana. Em 2008, estabeleceu-se por conta própria com uma galeria de arte e antiguidades no centro de Paris (Galerie Mendes, rue de Penthièvre, 36 e 45). Nos últimos anos tem andado à redescoberta das suas raízes lusas através da história da arte. E acredita que a arte portuguesa pode finalmente conquistar o seu espaço no Museu do Louvre.
É um bom sinal o Louvre ter uma sala vazia, e aparentemente disponível para receber a arte portuguesa?
É um bom sinal, sem dúvida. Agora é preciso prepará-la, e arranjar os quadros. Se a sala passar a existir, o Louvre poderá sentir depois a necessidade de comprar novos quadros. E isso pode aumentar muito o valor da pintura portuguesa a nível internacional. Não é só a ideia de que ela esteja representada no Louvre, é o que isso significa para o conhecimento, para os investigadores, para o mercado da arte... Será uma mais-valia importante.
O que é que falta para se conseguir a sala portuguesa?
Já temos dois quadros do séc. XVII, um mais do princípio [Baltazar Gomes Figueira] e outro do fim [Josefa d’Óbidos]. E um do século XVIII, o Sequeira, que já tem quase um pé no início do seculo XIX. Agora falta o século XVI e os primitivos portugueses. Seria bom ter um ou dois primitivos – um já nos permitiria fazer uma cronologia, contar uma história. Mas também gostava que houvesse um quadro da primeira parte do séc. XVIII, para uma cronologia mais completa.
Que passos vão agora ser dados para fazer avançar o projecto?
Antes de mais nada, temos de apostar nos primitivos portugueses. Andamos à procura de um. Mas não é fácil encontrá-los no mercado. Há esse grande problema de a maior parte deles estar em Portugal – e não podem sair do país. Por outro lado, temos de encontrar mecenas, e com uma nova doação fazer com que o Louvre aceite bem a ideia de uma sala portuguesa. Mas isto é tudo ainda muito frágil. Num museu como este, que é uma máquina muito pesada, a todo o momento pode haver um grande passo em frente, ou um passo atrás. É preciso avançar com cautela e subtileza.