Emirates muda tripulação por causa de decreto Trump. TAP vai analisar medida

“Até ao momento, não temos nenhum caso registado de um passageiro da TAP ter sido impedido de entrar nos EUA. É muito residual, mesmo raro, o número de passageiros das nacionalidades envolvidas que a TAP transporta para os EUA”, disse o porta-voz da companhia.

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Protestos no aeroporto de Boston EPA/JOHN CETRINO

Para já, a TAP está a analisar as implicações jurídicas levantadas pelo polémico decreto assinado pelo Presidente norte-americano. Mas a medida anunciada por Donald Trump já está a ter consequências no funcionamento de companhias aéreas como a Emirates, que decidiu fazer alterações nas tripulações de forma a garantir que quem tem alguma das nacionalidades agora proibidas de entrar nos EUA não faça esses voos.

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Para já, a TAP está a analisar as implicações jurídicas levantadas pelo polémico decreto assinado pelo Presidente norte-americano. Mas a medida anunciada por Donald Trump já está a ter consequências no funcionamento de companhias aéreas como a Emirates, que decidiu fazer alterações nas tripulações de forma a garantir que quem tem alguma das nacionalidades agora proibidas de entrar nos EUA não faça esses voos.

A TAP não enfrenta, porém, este problema, porque não tem na sua tripulação qualquer membro de uma das sete nacionalidades abrangidas pelo decreto presidencial – a ordem executiva assinada pelo Presidente Donald Trump, na sexta-feira, proíbe a entrada a todos os refugiados durante 120 dias, assim como a todos os cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Síria, Líbia, Sudão, Irão, Iraque, Somália e Iémen) durante 90 dias.

“Até ao momento, não temos nenhum caso registado de um passageiro da TAP ter sido impedido de entrar nos EUA. É muito residual, mesmo raro, o número de passageiros das nacionalidades envolvidas que a TAP transporta para os EUA”, disse o porta-voz da companhia, André Serpa Soares, ao PÚBLICO.

A companhia vai, no entanto, debruçar-se sobre a questão: “Estamos a analisar as implicações jurídicas e legais. É uma coisa nova”, nota André Serpa Soares, explicando que a TAP tem de cumprir a legislação nacional e internacional que não permite discriminar passageiros em função da nacionalidade, mas ao mesmo tempo não pode ignorar o decreto.

“Cabe a quem pretende entrar nos EUA requerer às autoridades norte-americanas visto para autorização de entrada e a estas últimas emitirem ou não o visto. A TAP não transporta passageiros sem visto de entrada. A questão pode colocar-se, porque não podem as companhias aéreas (e não só a TAP) discriminar em função da nacionalidade dos seus passageiros. Um passageiro com visto de entrada válido e que cumpra todos os requisitos legais pode ver o seu embarque recusado pela companhia aérea?”, questiona o porta-voz, recusando, no entanto, pronunciar-se politicamente sobre a medida. “A TAP não tem opiniões políticas”, resume.

Apesar de um porta-voz da Emirates ter dito, citado pela Reuters, que o impacto da medida na companhia ia ser mínimo, uma vez que emprega mais de 23 mil comissários de bordo e cerca de 4 mil pilotos de todo o mundo, o decreto já está a ter os seus efeitos e a provocar confusão nos aeroportos americanos, havendo ainda dúvidas em relação às regras.

A Emirates, por exemplo, fez alterações na tripulação, mudando as listas de pilotos e de comissários de bordo em voos para os Estados Unidos. “Não consigo pensar em nada comparável. Traz uma mistura de confusão administrativa, impacto e incerteza para muitos viajantes, além de problemas operacionais e complicações para as companhias planearem os seus voos”, disse à Reuters o especialista em questões de aviação, John Strickland.

A mesma preocupação foi demonstrada por um sindicalista alemão. Nicoley Baulies também disse à Reuters que esta súbita alteração anunciada por Donald Trump trazia incerteza às companhias aéreas: “A Lufthansa sempre garantiu equipas diversificadas, com membros de diferentes nacionalidades, e isto significa que, pela primeira vez em décadas, temos de ver de onde as pessoas são.”