Serena Williams alcança os 23 com descontracção

Vitória no Open da Austrália selou torneio perfeito para a americana, que ultrapassou Steffi Graf.

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Serena Williams durante a final do Open da Austrália LUSA/LUKAS COCH

Desde que ganhou o 21.º título do Grand Slam, em Julho de 2015, Serena Williams começou a sentir o peso da história. Perdeu duas finais, na Austrália e em Roland Garros no ano passado, mas acabou por conseguir o 22.º major no Verão passado, novamente em Wimbledon, igualando a marca de Steffi Graf. A pressão de obter mais um grande título no último Open dos EUA foi esmagadora e cedeu nas meias-finais à novata Karolina Pliskova. Mas acabou por convencer-se de que não tinha nada a provar, numa carreira repleta de grandes feitos. E foi descontraída que a norte-americana de 35 anos abordou este Open da Austrália. Com a qualidade das primeiras adversárias a obrigarem a jogar a um nível alto desde a ronda inicial, Serena passeou a sua classe ao longo da quinzena e nem a sua irmã, a sua “grande inspiração”, a impediu de conquistar o 23.º título, em Melbourne.

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Desde que ganhou o 21.º título do Grand Slam, em Julho de 2015, Serena Williams começou a sentir o peso da história. Perdeu duas finais, na Austrália e em Roland Garros no ano passado, mas acabou por conseguir o 22.º major no Verão passado, novamente em Wimbledon, igualando a marca de Steffi Graf. A pressão de obter mais um grande título no último Open dos EUA foi esmagadora e cedeu nas meias-finais à novata Karolina Pliskova. Mas acabou por convencer-se de que não tinha nada a provar, numa carreira repleta de grandes feitos. E foi descontraída que a norte-americana de 35 anos abordou este Open da Austrália. Com a qualidade das primeiras adversárias a obrigarem a jogar a um nível alto desde a ronda inicial, Serena passeou a sua classe ao longo da quinzena e nem a sua irmã, a sua “grande inspiração”, a impediu de conquistar o 23.º título, em Melbourne.

“Tenho de concordar, que consegui fazê-lo neste torneio. Penso que, com aqueles encontros nas duas primeiras rondas, não tive outra opção senão jogar melhor. Sabia que não tinha de triunfar aqui para salvar a minha carreira e isso caiu em mim, não sei porquê. Gostava de saber como porque certamente que quero fazer o mesmo da próxima vez”, admitiu Serena, após a final emocional com a irmã Venus, a quem venceu por 6-4, 6-4.

A tensão de jogar para a história e ter pela frente a irmã e rival não deixou de estar presente. Logo no terceiro jogo, Serena partiu a raqueta, ao bater com ela violentamente no chão. Uma terceira dupla-falta nesse jogo entregou o 1-2 a Venus. Mas Serena devolveu o break e elevou decididamente o nível de jogo para tomar o ascendente. “Quebrou” Venus para 4-3 e terminou a partida com dois ases.

No segundo set, Serena manteve-se no controlo mas só a 3-3 é que obteve o break decisivo. E, no derradeiro jogo, ainda teve de impedir a reacção de Venus e após fazer o 30-30, gritou para si própria: “Luta! Luta!”. E ao fim de uma hora e 22 minutos, Serena juntou um sétimo título na Austrália aos sete de Wimbledon, seis no Open dos EUA e três em Roland Garros.

Foi o 10.º major que Serena ganhou depois de fazer 30 anos; Steffi Graf ganhou o 22.º e último Grand Slam com 30. Fica agora a um de igualar a recordista Margaret Court, que coleccionou 24 entre 1960 e 1973. “Nunca tive um número, é essa a beleza disto. Quando comecei esta viagem, só queria ganhar um Grand Slam. Depois, só queria ganhar. Sempre que entro no court, só quero ganhar. É, de facto, assinalável”, afirmou Serena na conferência de imprensa quase três horas depois de terminar o encontro.

Durante os pontos de paragem obrigatórios, passou pelo estúdio do canal ESPN onde abriu um presente que há bastante tempo a Nike lhe tinha preparado: uns sapatos exclusivos, com a inscrição 23, inspirados na linha Air Jordan 1, e uma mensagem de felicitação do próprio Michael Jordan, que ostentava aquele número nas camisolas dos Chicago Bulls.

Ainda no court, Serena não poupou elogios à irmã Venus, que disputou a sua primeira final do Grand Slam desde o torneio de Wimbledon, de 2009. "É uma pessoa fantástica. Sem ela, nunca teria chegado aos 23, nunca teria sido número um, nunca teria conseguido nada. É a minha inspiração, é a única razão por que estou aqui hoje e a única razão pela qual as irmãs Williams existem. Sempre que ganhaste esta semana, pensei ‘também tenho de ganhar’”, afirmou Serena, após receber a Daphne Arkhurst Memorial Cup. Mais tarde, sobre a longevidade de ambas, ironizou: “Venus e eu temos ambas trinta-e-alegria e temo-nos divertido muito.”

O triunfo no Open da Austrália teve como bónus a recuperação do primeiro lugar do ranking, perdido o ano passado para Angelique Kerber. “Não mereci ser a número um. Penso que Kerber jogou de forma incrível, foi a mais consistente e mereceu estar nessa posição. Mas foi estranho porque nunca me senti como número dois”, frisou.

Das várias finais realizadas neste Open da Austrália, Portugal esteve representado na de pares masculinos juniores. Duarte Vale, afastado nos oitavos-de-final do torneio individual, perdeu o derradeiro encontro da variante, ao lado do neo-zelandês Finn Reynolds, frente aos chineses Yu Hsiou Hsu e Lingxi Zhao, por 7-6 (10/8), 6-4.