300 alunos do Liceu Alexandre Herculano, no Porto, deslocados para a Ramalho Ortigão

Aulas dos alunos dos 9.º ao 12.º anos e horário nocturno recomeçam na quarta-feira no Liceu Alexandre Herculano. “Pequenas intervenções” no edíficio obrigam 300 alunos a deslocar-se para a Escola Ramalho Ortigão.

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A Escola Secundária Alexandre Herculano foi encerrada na quinta-feira por “chover em várias salas” Fernando Veludo N/Factos

A Escola Alexandre Herculano reabre na quarta-feira com 600 alunos dos 9.º, 10.º, 11.º, 12.º anos e horário nocturno, sendo os restantes 300 estudantes dos 7.º e 8.º anos deslocados para a Escola Ramalho Ortigão, anunciou esta sexta-feira o director.

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A Escola Alexandre Herculano reabre na quarta-feira com 600 alunos dos 9.º, 10.º, 11.º, 12.º anos e horário nocturno, sendo os restantes 300 estudantes dos 7.º e 8.º anos deslocados para a Escola Ramalho Ortigão, anunciou esta sexta-feira o director.

De acordo com Manuel Lima - que falava aos jornalistas no final de uma reunião no Porto com a Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), na sequência do encerramento, quinta-feira, da Secundária Alexandre Herculano por chover dentro das salas de aula - a partir da próxima semana a escola vai sofrer “pequenas intervenções” que viabilizarão a solução provisória de ali manter as 23 turmas do 9.º ano e dos ensinos secundário e nocturno.

Segundo o director, durante a reunião a tutela comprometeu-se a fazer uma efectiva intervenção na escola até 2020, tendo confirmado à direcção e aos representantes da associação de pais que estas obras estão mapeadas no programa Norte 2020, com um valor orçamentado de seis milhões de euros.

A Escola Secundária Alexandre Herculano foi encerrada na quinta-feira pelo respectivo director por “chover em várias salas”, tendo então Manuel Lima assegurado que os alunos só regressariam quando existissem garantias de que podem circular “sem qualquer possibilidade de lhes cair um bocado de tecto em cima”.

Hoje Manuel Lima explicou ter aceitado esta medida "transitória" para "salvaguardar o interesse pedagógico dos alunos", considerando que "a paragem de aulas não é boa para a escola, para os alunos e para as famílias", uma opinião partilhada pelo representante dos pais, Fernando Barbosa que resumiu: "Numa situação de emergência o ponto fulcral era a celeridade neste processo. Os alunos devem estar na escola e não em casa".

Questionados sobre se acreditam que as obras se irão realizar, ambos responsabilizaram o Governo pelos compromissos assumidos esta manhã.

"Esta intenção evidentemente não chega. Tínhamos expectativa que nos fosse apresentada uma data. O que tivemos pela primeira vez foi a manifestação por alguém que representa a tutela e apresentação de um mapeamento onde a escola Alexandre Herculano está inscrita. Pelo menos isso dá-nos alguma tranquilidade", disse Manuel Lima.

"Foi-nos dito que estão asseguradas as obras no edifício. Contamos que isto irá ser realizado. O senhor delegado da DGEstE foi taxativo. O dinheiro foi disponibilizado", acrescentou Fernando Barbosa.

Quanto às condições para os alunos que permanecerão na Alexandre Herculano, o director da escola falou na necessidade de "condicionar acessibilidades" e de "colocação de vidros para criar impermeabilização", sendo que serão colocadas turmas em salas "onde os problemas são menores".

Já o representante dos pais descreveu o que será feita como "uma espécie de cuidados paliativos à escola", exigindo que se "minorem problemas" que levam, por exemplo, alunos a estarem de "gorro e luvas na sala de aula".

Esta realidade já tinha sido descrita esta manhã à agência Lusa por professores que aguardavam na DGEstE pelo final da reunião. Nelsa Novais, professora de português, contou que alguns pavilhões da Alexandre Herculano "estão fechados com o chão aberto", somando-se situações de risco de queda de telhado, escadarias a ruir e salas com quadros eléctricos cheios de água.

Em causa está uma das 139 escolas do país referenciada como Território Educativo de Intervenção Prioritária, ou seja referenciada por receber alunos oriundos de contextos desfavorecidos.

"Num contexto em que alunos precisam de ser resgatados, é um contra-senso a própria escola não oferecer condições", disse a docente, indo ao encontro do director que após a reunião referiu que "a Alexandre Herculano tem um valor patrimonial grande não só na cidade mas também no país e presta uma missão educativa a alunos que precisam da escola".

"Temos de acreditar que alguma coisa vai ser feita para que não se repliquem as desigualdades que existem no meio envolvente", disse o director.

Esta manhã, no debate quinzenal, o primeiro-ministro garantiu que há condições para se iniciarem obras em 200 escolas no país a Alexandre Herculano.

António Costa recordou que esta era uma das 39 escolas cujas obras estavam adjudicadas em 2011, tendo sido anuladas no Governo anterior.