Segunda opinião médica
Um direito dos doentes, uma mais-valia para os médicos, um instrumento de apoio ao SNS.
Isabel, uma portuguesa residente em Londres, demorou oito meses a saber que sofria de uma fibrose pulmonar. Para o difícil diagnóstico recorreu a uma segunda opinião médica, sempre com o apoio do seu médico assistente. Diz a doente que este foi “o melhor médico que encontrei até hoje.” E acrescenta, “tudo através do SNS inglês (National Health Service – NHS).
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Isabel, uma portuguesa residente em Londres, demorou oito meses a saber que sofria de uma fibrose pulmonar. Para o difícil diagnóstico recorreu a uma segunda opinião médica, sempre com o apoio do seu médico assistente. Diz a doente que este foi “o melhor médico que encontrei até hoje.” E acrescenta, “tudo através do SNS inglês (National Health Service – NHS).
A história é contada na primeira pessoa na caixa de comentários de um programa de televisão dedicado ao tema da segunda opinião médica. A circunstância revela, desde logo, que o tema está bem presente na mente de quem está, ou esteve, doente e das respectivas famílias. E mostra como os doentes valorizam um médico que sabe quando aconselhar uma segunda opinião.
A história desta portuguesa revela-nos também que o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido garante aos cidadãos do país o acesso à segunda opinião médica. Neste país, a segunda opinião pode ser pedida através do Médico de Família ou da instituição de saúde. É também um direito adquirido de todos os cidadãos, frequentemente aconselhado aos doentes pelos respectivos médicos assistentes.
Em Portugal, a segunda opinião médica é também um direito do doente, explicitado no Código Deontológico dos Médicos. E em vários dos documentos oficiais do Ministério da Saúde que criam as redes de referenciação clínica em especialidades é proposta a formalização do circuito de segundas opiniões.
A concretização destes direitos implica um esforço de organização no sentido de garantir que a segunda opinião médica é acessível a todos, em todo o território, para todos os doentes de igual forma e sempre que justificada. Ou seja, é essencial garantir que haja, ao nível do Serviço Nacional de Saúde, um esforço de estruturação de um sistema consistente de segundas opiniões médicas.
Para tal, é importante que todos – doentes, médicos, gestores e decisores políticos do sistema – compreendam os benefícios da segunda opinião médica. Ou seja, que um sistema funcional de segundas opiniões garante ao doente o acesso à melhor Medicina e ao médico o melhor conselho e conhecimento. Daqui resultam potenciais ganhos de eficiência para o sistema, com melhores cuidados de saúde e melhor uso dos recursos.