PSD partido em Leiria, Passos Coelho desafiado a escolher entre dois candidatos
Feliciano Barreiras Duarte, que foi "convidado" a candidatar-se, escreveu carta ao líder do partido e lembra-lhe que “nunca pediu para ser candidato”. O ex-autarca das Caldas da Rainha aparece em último lugar numa sondagem que o PSD mandou fazer
Feliciano Barreiras Duarte era a aposta do PSD para liderar a candidatura à Câmara de Leiria. O deputado e ex-chefe de gabinete de Pedro Passos Coelho tinha o apoio do líder do partido e já tinha indicações “para ir para o terreno”, quando a concelhia impôs Fernando Costa, o ex-presidente da Câmara das Caldas da Rainha, que, em 2013, perdeu as eleições autárquicas em Loures para o comunista Bernardino Soares.
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Feliciano Barreiras Duarte era a aposta do PSD para liderar a candidatura à Câmara de Leiria. O deputado e ex-chefe de gabinete de Pedro Passos Coelho tinha o apoio do líder do partido e já tinha indicações “para ir para o terreno”, quando a concelhia impôs Fernando Costa, o ex-presidente da Câmara das Caldas da Rainha, que, em 2013, perdeu as eleições autárquicas em Loures para o comunista Bernardino Soares.
A decisão da concelhia, aprovada por unanimidade (em Novembro), agitou o partido não só porque não era o nome que estava consensualizado, mas também porque Fernando Costa surge em último lugar num estudo de opinião (com 6,7% das intenções de voto) que a distrital encomendou em Setembro à Eurosondagem para saber quem estava mais bem posicionado para vencer as eleições.
Feliciano Barreiras Duarte, de 50 anos, ex-secretário de Estado dos governos de Durão Barroso, Pedro Santana Lopes e Pedro Passos Coelho é quem tem o melhor desempenho com 25% das intenções de voto. Em terceiro lugar surge Álvaro Madureira, líder da concelhia, com 16,9% das intenções de voto. Madureira foi candidato em 2013 a Leiria e perdeu e, fontes do PSD, asseguram que queria ser de novo candidato.
Esta sondagem reforçou as expectativas do partido em relação a Barreiras Duarte, cujo nome ficou acordado numa reunião da comissão Coordenadora Autárquica Nacional, em Setembro. Nessa reunião, o deputado foi “desafiado” a ir para o terreno após as eleições regionais dos Açores. De acordo com relatos feitos ao PÚBLICO, nesse encontro o líder da distrital de Leiria, Rui Rocha, perguntou: “Já falaram, conforme o combinado, com o presidente da secção de Leiria? É que Fernando Costa quer muito ser candidato”.
Ao PÚBLICO, o dirigente do PSD disse que o “processo autárquico em Leiria deveria ter sido acompanhado de outra forma pela Coordenadora Autárquica Nacional uma vez que se trata de uma capital de distrito que o partido está empenhado em ganhar”. “Várias vezes solicitei reuniões com a presença do presidente da concelhia e do coordenador autárquico nacional. Desde Julho que tinha sinalizado que era importante haver essa conversa para partilhar aquilo que era a estratégia que se pretendia para Leiria, mas essa reunião só aconteceu em Novembro”, resume o Rui Rocha.
Ao longo deste tempo, Feliciano Barreiras Duarte, eleito deputado por Leiria, vai granjeando apoios um pouco por todo o lado, alguns que vêm de figuras de relevância e com grande peso político no PSD. Indiferente a esta vaga de apoios, a concelhia aprovou o nome de Fernando Costa. Dias antes aprovara uma moção contra Barreiras Duarte.
Com o caminho minado, o deputado decidiu escrever uma longa carta a Pedro Passos Coelho de quem foi chefe de gabinete, na qual denuncia que era desnecessário [todo este processo]. "Nunca pedi a ninguém para ser candidato. Nunca pedi reuniões contigo, nem com a coordenação autárquica”, resumiu.
“No dia 6 de Junho quer o coordenador autárquico, Carlos Carreiras, quer o secretário-geral do PSD, Matos Rosa, falaram comigo para me disponibilizar a aceitar ser candidato”, escreveu Feliciano, acrescentando que na altura questionou-os sobre “a forma como iriam compatibilizar isso com a vontade do presidente da concelhia em ser o candidato mais uma vez. A resposta foi quase sempre a mesma: que não me metesse nisso. Que já tinham falado com ele várias vezes, avisando-o de que não seria candidato e que a coordenação autárquica nacional tratava disso com a comissão política distrital”.
Na carta, Feliciano recordou o encontro que teve em Setembro com Passos, em Coimbra, onde os dois conversaram sobre a candidatura. “Na prática disseste que, se eu aceitasse, teria da tua parte e da Comissão Política Nacional todo o apoio, quer era importante ganhar Leiria e que ficarias muito agradado com essa minha eventual candidatura. E chamaste-me a atenção para ter cuidado com as tradicionais divisões internas do PSD de Leiria”, afirma Barreiras Duarte.
A Comissão Política Nacional do PSD reúne-se terça-feira e quer aprovar o maior número possível de candidaturas. Só Leiria tem oito processos autárquicos fechados e a candidatura à câmara faz parte deste pacote, uma vez que a distrital também já aprovou a proposta da concelhia.
O líder da distrital, Rui Rocha, afirma que “na esmagadora maioria das situações a Comissão Política Nacional aprova as candidaturas propostas, mas ressalva, que em 2009, precisamente em Leiria, a direcção do partido vetou o nome de José António Silva que tinha sido aprovado pelos órgãos concelhio e distrital. Nessa altura, a líder do partido era Manuela Ferreira Leite.
A este propósito, refere ainda que numa reunião que decorreu em Novembro em que a concelhia comunicou qual era a sua proposta à câmara “não houve nenhuma sinalização de qualquer problema por parte do coordenador autárquico nacional”.
A distrital laranja, que ainda tem casos considerados complicados de resolver, como sucede na Marinha Grande (cuja concelhia foi recentemente a votos), Castanheira de Pera e Pombal, espera ter o processo autárquico do distrito concluído até finais de Fevereiro.