Uma Emily Dickinson mais sociável
Uma das mais enigmáticas figuras da literatura americana é objecto de uma exposição: I’m nobody! Who are you? The life of Emily Dickinson.
Uma das mais poderosas e enigmáticas figuras da literatura americana, a poetisa Emily Dickinson (1830-1866) viveu boa parte da sua vida adulta num quase isolamento, raramente deixando a casa da família em Amherst, Massachussets. Mas seria essa sua reclusão tão radical como se pretende? A exposição I’m nobody! Who are you? The life of Emily Dickinson, inaugurada esta sexta-feira no prestigiado museu e centro de investigação nova-iorquino Morgan Library, propõe-se atenuar essa imagem, mostrando, através de mais de uma centena de objectos, alguns deles nunca antes expostos, uma Emily Dickinson socialmente activa na sua juventude, e que mesmo quando começou a retirar-se fisicamente de cena, manteve um conjunto de amizades duradouras, alimentadas por uma intensa correspondência.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Uma das mais poderosas e enigmáticas figuras da literatura americana, a poetisa Emily Dickinson (1830-1866) viveu boa parte da sua vida adulta num quase isolamento, raramente deixando a casa da família em Amherst, Massachussets. Mas seria essa sua reclusão tão radical como se pretende? A exposição I’m nobody! Who are you? The life of Emily Dickinson, inaugurada esta sexta-feira no prestigiado museu e centro de investigação nova-iorquino Morgan Library, propõe-se atenuar essa imagem, mostrando, através de mais de uma centena de objectos, alguns deles nunca antes expostos, uma Emily Dickinson socialmente activa na sua juventude, e que mesmo quando começou a retirar-se fisicamente de cena, manteve um conjunto de amizades duradouras, alimentadas por uma intensa correspondência.
Além de um conjunto de raros manuscritos de 24 poemas de Dickinson, de primeiros esboços a versões mais ou menos finais, esta exposição, que poderá ser vista até 21 de Maio, inclui ainda o original do célebre daguerreótipo de 1847, a sua única fotografia autenticada, uma pintura em que a poetisa aparece com o seu irmão Austin e a sua irmã Lavinia, conservada na Universidade de Harvard (que nunca antes a emprestara), ou ainda um daguerreótipo recentemente descoberto nos arquivos do Amherst College, no qual se crê que Emily Dickinson posa com a sua amiga Kate Turner, possivelmente em 1859. Talvez menos relevante para nos ajudar a perceber a escritora e a sua obra, mas nem por isso menos comovente, é a mecha de cabelo, perfeitamente conservada, que Emily Dickinson enviou a Emily Fowler Ford, uma conhecida colaboradora das publicações literárias da época que passou a infância em Amherst.
Co-organizada com o Amherst College, a exposição divide-se em sete pólos: Anos de infância; Um ano em Mount Holyoke [a escola feminina que Dickinson frequentou aos 18 anos, após ter estudado sete anos na Amherst Academy]; Companheiros e amigos por correspondência; Influências literárias e conexões; Os anos da guerra civil; Publicações em vida [só uma dezena dos quase 1800 poemas que escreveu foram editados antes da sua morte]; e Publicações póstumas e legado. O título da exposição cita o primeiro verso – I’m nobody! Who are you? – de um dos mais conhecidos poemas de Emily Dickinson, que Jorge de Sena traduziu assim: “Não sou Ninguém! Quem és tu?/ Também – tu não és – Ninguém?/ Somos um par – nada digas!/ Banir-nos-iam – não sabes?/ Mas que horrível – ser-se Alguém!/ Uma Rã que o dia todo –/ Coaxa em público o nome/ Para quem a admira – o Lodo”.