Nuclear espanhol abasteceu 3,23% do consumo eléctrico em Portugal
Regulador recomenda às empresas que divulguem aos clientes origens da electricidade que comercializa.
Em Portugal, há uma pequena componente do abastecimento eléctrico que provém da fissão nuclear, ou seja, de centrais como a polémica de Almaraz. Isto por via das importações do mercado espanhol, onde a produção nuclear rondou em 2015 os 20,7% (de acordo com os dados do operador da rede eléctrica espanhola). Tendo em conta que, em 2015, Portugal importou 15,6% da electricidade que consumiu a Espanha (segundo as estatísticas da Direcção-Geral de Energia e Geologia), o nuclear espanhol terá abastecido 3,23% do consumo eléctrico nacional.
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Em Portugal, há uma pequena componente do abastecimento eléctrico que provém da fissão nuclear, ou seja, de centrais como a polémica de Almaraz. Isto por via das importações do mercado espanhol, onde a produção nuclear rondou em 2015 os 20,7% (de acordo com os dados do operador da rede eléctrica espanhola). Tendo em conta que, em 2015, Portugal importou 15,6% da electricidade que consumiu a Espanha (segundo as estatísticas da Direcção-Geral de Energia e Geologia), o nuclear espanhol terá abastecido 3,23% do consumo eléctrico nacional.
A divulgação do peso das diferentes fontes de energia no conjunto da electricidade com que fornecem os seus clientes é uma das recomendações da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) às empresas do sector. O regulador chama-lhe “rotulagem da energia eléctrica” e diz que o objectivo é dar aos consumidores de electricidade “um critério adicional ao preço”, quando fazem a sua escolha de fornecedor, o critério ambiental. É que, além da proveniência da electricidade, os comercializadores devem ainda especificar o seu impacto em termos de emissões poluentes e devem fazê-lo inclusive nas facturas que enviam aos clientes.
EDP é a única com tarifário "verde"
Em 2015 (os dados mais recentes em termos anuais), 4% do total da electricidade fornecida pela EDP Comercial (que lidera o mercado liberalizado, com mais de 80% dos clientes, actualmente a rondar os quatro milhões) foi de origem nuclear. Já os dados divulgados pela EDP Serviço Universal, fornecedora dos cerca de 1,4 milhões de clientes que ainda estão no mercado regulado, indicam que a empresa entregou 2% de electricidade de fonte nuclear.
Se olharmos para os dados de outras empresas que disputam o que sobra do mercado liberalizado — em que a Galp, a Endesa, a Iberdrola e a Goldenergy completam o top cinco em número de clientes —, vemos que o peso do nuclear no total da electricidade fornecida ronda os 6%.
Outro dos objectivos apontados pela ERSE para a rotulagem da energia é o da criação de novos produtos. Pela consulta efectuada pelo PÚBLICO, a EDP é neste momento a única empresa que tem um tarifário específico para energia totalmente renovável, “o plano electricidade verde” que, de acordo com a informação enviada pela empresa à ERSE, é de origem 100% hídrica.
A EDP, a Iberdrola e a Endesa não têm em comum apenas o facto de disputarem o mercado energético nacional. As empresas são parceiras no grupo empresarial que detém as centrais nucleares de Almaraz e Trillo. A Iberdrola (que está neste momento a construir três barragens no Alto Tâmega) é o elo de ligação nestes investimentos. A empresa detém 53% do capital de Almaraz, cabendo à Endesa 36% das acções e outros 11% à Union Fenosa.
É na central de Trillo que a EDP está presente como accionista, detendo 15,5% através da asturiana Hidrocantábrico, que comprou em 2001. Os outros accionistas desta central em exploração desde 1988 (na província de Guadalajara, onde se situa o Parque Natural do Alto Tejo) são a Iberdrola (48%), a Union Fenosa (34,5%) e a Nuclenor (2%).