Os alertas de Fazenda sobre o “Presidente das piadas”, o "selfie made man”
“Na essência, o Presidente das piadas, não nos acha piada nenhuma e é adverso a qualquer solução de um futuro governo de esquerda”, escreve o dirigente do BE.
Um Presidente de “ritmo frenético” e que “dá parangonas de pop star”. As selfies e os “afectos” de Marcelo Rebelo de Sousa, a quem chama “o selfie made man”, ou “o Presidente das piadas”. Num texto intitulado O marcelismo e o poder a meias, o dirigente do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, lança acusações como a de que Marcelo “usa o cargo para influenciar a governação e para ter uma participação política activa em paralelo com os partidos”. E também deixa um aviso: “A questão que se põe é a dos condicionamentos em série a um Governo minoritário que depende de partidos à sua esquerda na Assembleia da República”.
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Um Presidente de “ritmo frenético” e que “dá parangonas de pop star”. As selfies e os “afectos” de Marcelo Rebelo de Sousa, a quem chama “o selfie made man”, ou “o Presidente das piadas”. Num texto intitulado O marcelismo e o poder a meias, o dirigente do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, lança acusações como a de que Marcelo “usa o cargo para influenciar a governação e para ter uma participação política activa em paralelo com os partidos”. E também deixa um aviso: “A questão que se põe é a dos condicionamentos em série a um Governo minoritário que depende de partidos à sua esquerda na Assembleia da República”.
No artigo, publicado no site esquerda.net, Luís Fazenda critica aquilo que tem sido o mandato do Presidente, lembrando que as competências que lhe estão atribuídas “estão claramente descritas na Constituição da República Portuguesa”. Ora, escreve o bloquista, “não consta nela uma espécie de poder executivo a meias com o Governo”.
Neste aspecto, as preocupações do bloquista estendem-se ao Governo socialista, com o qual o seu partido tem um acordo. Fazenda entende que “o executivo, feliz com a coabitação, assume essa cumplicidade em áreas como o sistema financeiro, banco a banco, fiscalização de riqueza, ou acordos sociais à moda do patronato, entre outras”.
E é aqui que surgem os avisos de Fazenda: “Ora, o procedimento de um primeiro-ministro sombra não é uma mera crítica, mas um facto. Não foi certamente um lapso o Presidente comparar-se com a actividade pública de Merkel, essa sim chefe de governo, numa entrevista televisiva. Este tipo de tendência vai acentuar-se”, lê-se.
“A questão que se põe é a dos condicionamentos em série a um Governo minoritário que depende de partidos à sua esquerda na Assembleia da República. O caso da TSU, um verdadeiro bónus aos patrões, e que foi pretendido, inspirado e enaltecido por Marcelo, prova esta tese e anuncia mais casos”, explica Luís Fazenda.
“Ninguém pede contenção ao Presidente, já toda a gente se habituou ao verbo torrencial. O ritmo frenético dá parangonas de pop star. O tu cá tu lá precede umas selfies, Marcelo o selfie made man. O Presidente impa e desfere afectos. Quem não adora mitos ambulantes, entre o gracejo e a graça?”, ironiza ainda Fazenda. E acrescenta: “Talvez por isso tudo, alguns lhe chamaram o anti-Cavaco, deixando para trás a esfinge distante de Aníbal, e assumindo o título do transeunte frequente, Marcelo”.
Mas o que conta, nota o dirigente do BE, “é a acção política”. E ela diz, continua, que “Marcelo partilha com a direita, donde é oriundo, e com os socialistas, os designados ‘compromissos internacionais’. É, em si próprio, um factor de neutralização de qualquer reivindicação junto à NATO, UE, FMI, etc, prevenindo o Governo para qualquer tentação de renegociar a dívida pública ou de alterar regras económicas no quadro europeu”.
Para Luís Fazenda, “o projecto marcelista, embrulhado na retórica de afastar a crispação, é o desejo de regresso à alternância dos partidos ao centro, a saudade dos liberais europeístas”. Mais, defende: “Na essência, o Presidente das piadas, não nos acha piada nenhuma e é adverso a qualquer solução de um futuro governo de esquerda. Aliás, dirigiu-se esta terça-feira ao Bloco de Esquerda, em termos que não lhe competem, exigindo que não cause impasses ao Governo e a ‘ele’, pois claro.”
No final, para terminar o artigo, Luís Fazenda volta a questionar os apelos à estabilidade feitos pelo Chefe de Estado: “Agora que muita gente acha Marcelo um parente de serviço, convém chamar a atenção de que, por mais que o Presidente fale de estabilidade do actual Governo, não o faz de borla...”.