Directores demissionários do Centro Hospitalar do Algarve ficam em funções até ao Verão
O ministro Adalberto Campos Fernandes atendeu a uma parte das reivindicações.
Os directores clínicos do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) tinham apresentado um pedido de demissão, que disseram ser “irrevogável”, mas nesta segunda-feira, dia dado como prazo limite para continuarem no cargo, reuniram-se com o ministro da Saúde, em Lisboa. A ameaça de abandono fica em suspenso até à entrada do Verão.
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Os directores clínicos do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) tinham apresentado um pedido de demissão, que disseram ser “irrevogável”, mas nesta segunda-feira, dia dado como prazo limite para continuarem no cargo, reuniram-se com o ministro da Saúde, em Lisboa. A ameaça de abandono fica em suspenso até à entrada do Verão.
O ministro Adalberto Campos Fernandes atendeu a uma parte das reivindicações médicas, prometendo que vai dar autonomia às direcções clínicas dos hospitais de Faro e do Barlavento-Portimão, embora mantenha os actuais administradores do CHA e o mesmo modelo de gestão.
O representante distrital da Ordem dos Médicos, Ulisses Brito (um dos directores de departamento clínico demissionários), justificou: “O ministro mostrou estar empenhado em resolver os problemas que mais afectam os hospitais do Algarve”, no que diz respeito à falta de investimento, de equipamento e de recursos humanos. Assim, correspondendo ao apelo do governante, adiantou, os directores clínicos continuam em funções até Junho, com a promessa de que durante os próximos meses se realizarão “reuniões intercalares” entre os profissionais de saúde e a tutela para avaliar até que ponto o plano acordado vai ser cumprido.
A reunião, que se prolongou por toda a tarde, contou ainda com a presença do conselho de administração do CHA e da presidência da Administração Regional de Saúde (ARS), bem como de todos os directores de departamento.
O bom atendimento nos hospitais do Algarve é um valor em queda livre desde 2011. “Temos na região um Serviço Nacional de Saúde que está decrépito”, afirmou a subdirectora clínica do Centro Hospitalar do Algarve Ana Lopes, na semana passada, na comissão parlamentar de Saúde, durante uma audição promovida pelo CDS-PP.
Os dados apresentados pela Administração Central do Sistema de Saúde em 2016, sublinhou, mostram que o Algarve apresenta “o pior resultado dos hospitais nacionais” no que diz respeito a demora para consultas, cirurgias em atraso e tempos de internamento.
Na mesma audição, o director do departamento de cirurgia, João Ildefonso, corroborou as críticas de Ana Lopes no que diz respeito à falta de equipamento e à existência de aparelhos obsoletos e avariados. E sublinhou: “Sentimo-nos derrotados.”
Neste momento, disse, “há 9058 doentes a aguardar cirurgias, mas o mais grave é que 20% já ultrapassaram o tempo de espera máximo garantido e cerca de 10% estão há mais de 12 meses a aguardar cirurgias”. Por isso, declarou então, o pedido de demissão era mesmo “irrevogável”, justificando a utilização desse termo perante os deputados por se encontrar em ambiente político.
No ano passado, os hospitais públicos algarvios transferiram para clínicas privadas 50.675 doentes. A lista para consultas externas — só no departamento de cirurgia — chega aos 12.197 utentes.