Pingo Doce e Continente atingem as maiores vendas desde 2010
Expansão de lojas e aumento do consumo levaram a um aumento do negócio dos dois maiores operadores de distribuição. Venderam, em conjunto, mais de sete mil milhões de euros em 2016.
Os dois maiores operadores do retalho alimentar, Continente e Pingo Doce, fecharam 2016 com os melhores resultados dos últimos seis anos graças à expansão da rede de lojas e a um aumento nos gastos dos portugueses. Depois de terem visto as vendas a crescer timidamente, sobretudo, a partir de 2012, os dois grupos (que absorvem mais de 50% do mercado) aumentaram as vendas na ordem dos 5%, registando, em conjunto, 7245 milhões de euros de facturação.
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Os dois maiores operadores do retalho alimentar, Continente e Pingo Doce, fecharam 2016 com os melhores resultados dos últimos seis anos graças à expansão da rede de lojas e a um aumento nos gastos dos portugueses. Depois de terem visto as vendas a crescer timidamente, sobretudo, a partir de 2012, os dois grupos (que absorvem mais de 50% do mercado) aumentaram as vendas na ordem dos 5%, registando, em conjunto, 7245 milhões de euros de facturação.
O Continente, do grupo Sonae (dono do PÚBLICO) foi o que mais cresceu. De acordo com os resultados preliminares, divulgados esta semana, a cadeia de hiper e supermercados (inclui o Continente Bom Dia e o Meu Super, por exemplo) registou vendas de 3687 milhões de euros, mais 5,6% do que em 2015 e o valor mais elevado dos últimos seis anos. Depois de o negócio alimentar ter crescido apenas 0,8% em 2015, a empresa explica a subida não só com uma estratégia de melhoria da "percepção de preço", mas também com um reforço da sua rede. No total, em 2016 inaugurou 102 estabelecimentos (22 Continente Bom Dia e 77 Meu Super). Em Setembro (últimos dados disponíveis) a Sonae MC, o braço do retalho alimentar do grupo, tinha 825 lojas, 277 das quais geridas em franchising. Tendo em conta o mesmo número de lojas, a evolução das vendas foi positiva: passou de -1,7% em 2015 para 1,9%.
Já o Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins, conseguiu alcançar 3558 milhões de euros de facturação nos 413 supermercados que tem em Portugal, o que representa uma subida de 4,4%. O crescimento like for like (comparando com as mesmas lojas) foi de 1,2%, abaixo dos 4,6% de 2015 - nesse ano arrancou com um programa de remodelações e abriu 21 novas lojas. O ano passado, foram inaugurados 14 novos supermercados.
Estes valores não incluem o Amanhecer, um projecto do grossista Recheio (detido pela Jerónimo Martins) que, em 2015, ganhou 105 novas lojas, terminando o ano com 249 unidades.
No comunicado em que dá conta das vendas preliminares, a Jerónimo Martins refere que as promoções continuaram a desempenhar "um papel determinante" no negócio. "O Pingo Doce deu continuidade a uma forte dinâmica promocional, garantindo, em simultâneo, qualidade e inovação na sua oferta de marca própria", continua.
Outros operadores da grande distribuição, como o Lidl, também conseguiram aumentar as vendas. Fonte do departamento de comunicação ressalva que o ano fiscal da cadeia alemã “termina no final de Fevereiro de 2017, pelo que é prematuro fazer um balanço”. Ainda assim, garante que “a empresa tem registado uma evolução de vendas positiva”.
Uma das explicações para o crescimento é a aposta nos produtos frescos (uma tendência comum aos restantes operadores) e a introdução de um novo conceito de loja. “O investimento na modernização e na abertura de novas lojas permitiu não só melhorar a experiência de compra dos nossos consumidores, como levar a novos clientes a nossa panóplia de produtos de máxima qualidade ao melhor preço”, sustenta. O Lidl tem actualmente 245 lojas em Portugal.
Mercado cresceu 4,3%
Não foi possível obter mais informações sobre outras cadeias de grande distribuição a operar em Portugal, mas em termos globais, em 2016 as famílias portuguesas gastaram mais dinheiro nos supermercados. De acordo com dados da Nielsen, entre Janeiro e Novembro do ano passado o gasto total dos lares aumentou 4,3% para 9304 milhões de euros. Um ano antes a evolução tinha sido de 3,1%.
Todos os produtos registaram aumentos, com destaque para as frutas e legumes que dispararam 15% em valor, numa altura em que as preocupações com a alimentação saudável ditam novos hábitos de consumo. No seu todo, os produtos frescos - incluindo peixe, carne ou take away (+14%) – aumentaram 6%. Ana Paula Barbosa, directora na Nielsen, sublinha que os portugueses valorizaram todas as categorias relacionadas com a saúde e levaram no carrinho de compras mais produtos integrais ou dietéticos ou substitutos de leite.
“Os frescos ainda têm potencial de crescimento na distribuição moderna porque há ainda muitos destes produtos a serem comprados fora da grande distribuição. E tem-se assistido a um foco muito grande nestas categorias”, diz.
Além dos gastos com alimentos, os consumidores estão também a comprar mais produtos de beleza (perfumes, cosmética e maquilhagem) e não travam “os pequenos prazeres”, como o gin, o rum (“que está a crescer muito”), as sidras, snacks e aperitivos. Ana Paula Barbosa adianta ainda que as sobremesas refrigeradas estão a crescer 40%. “Quando estamos num momento positivo há mais compra por impulso”, sustenta.
Outra mudança visível no mundo do retalho alimentar prende-se com as diferenças cada vez menos evidentes entre hipermercados, supermercados ou conceitos de discount. “Hoje não faz sentido falar na guerra de formatos porque são complementares. O que leva os consumidores a determinada loja é a missão de compra do momento”, diz. Para mais variedade recorre-se ao híper, para compras rápidas, à loja mais próxima de casa.
A entrada da Mercadona, que reclama ser líder do segmento de supermercados em Espanha, promete “abanar” um sector que, há muito, não assiste ao investimento de um operador estrangeiro. A empresa prevê abrir as primeiras lojas na zona do Porto e tem planos para ter quatro unidades em 2019. Até lá vai abrir um centro de co-inovação, que tem inauguração prevista para o segundo trimestre de 2017.