Benoît Hamon, o candidato mais à esquerda do PS francês, ganha as primárias
Manuel Valls fica em segundo lugar, e é pouco provável que consiga a nomeação para concorrer às eleições presidenciais.
Benoît Hamon ganhou a primeira volta das primárias da esquerda francesa em que se escolhe o candidato para as eleições presidenciais, com 35,21% dos votos, seguido de Manuel Valls, com 31,56% - isto quando estavam contados mais de um terço dos votos. Passam assim os dois à segunda volta, daqui a uma semana.
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Benoît Hamon ganhou a primeira volta das primárias da esquerda francesa em que se escolhe o candidato para as eleições presidenciais, com 35,21% dos votos, seguido de Manuel Valls, com 31,56% - isto quando estavam contados mais de um terço dos votos. Passam assim os dois à segunda volta, daqui a uma semana.
Este resultado significa que Hamon deverá ser o vencedor da segunda volta, no próximo domingo. Valls não deverá contar com nenhum grande apoio, embora Sylvia Pinel, do Partido Radical de Esquerda, possa apoiá-lo (teve 1,6%). Já Hamon contou quase imediatamente com o apoio de Arnaud Montebourg, o terceiro classificado, com 18,7%. "No próximo domingo, votarei Benoît Hamon, e convido-os a fazer o mesmo", afirmou.
"O imperativo que pesa sobre as nossas costas é a união das esquerdas. Sem essa união, não haverá solução, entre o candidato liberal brutal que é François Fillon [escolhido nas primárias do centro-direita, em Novembro] e a família Le Pen", afirmou o ex-ministro da Economia, que abandonou o Governo socialista juntamente com Hamon, formando um grupo de deputados revoltados contra o caminho seguido durante o mandato de François Hollande.
"Deram-me uma mensagem clara de esperança e de renovação. Expressaram o desejo de abrir uma nova página para a esquerda", afirmou Hamon, no seu discurso de vitória, em que agradeceu a Montebourg.
Hamon, ex-ministro da Educação, é o candidato socialista destas primárias com o programa mais à esquerda, propondo a criação de um rendimento universal em França no valor de 750 euros. Colheu inspiração em Bernie Sanders [o candidato que perdeu as primárias democratas nos Estados Unidos para Hillary Clinton] ou Jeremy Corbyn, o líder trabalhista britânico. É também alguém que eventualmente poderá estabelecer pontes com Jean-Luc Melénchon, apoiado por vários pequenos partidos de esquerda, e até com a Europa Ecologia-Os Verdes.
François Hollande, no polémico livro Un Président ne devrait pas dire ça, não o tinha em grande consideração. "Hamon, il est quoi? Pas grand chose" (Hamon, quem é ele? Não é grande coisa). Nestas primárias, o Presidente que renunciou a recandidatar-se não foi um dos 1,9 milhões de cidadãos que foram votar. Está bem longe: no Chile, no deserto de Atacama, diz o jornal Le Figaro.
Manuel Valls não baixou os braços. Concedeu a derrota, mas lançou um apelo: "Começa aqui uma nova campanha".
O desafio agora para Hamon é de facto manter o Partido Socialista unido, com a inflexão à esquerda, impedindo que os sectores mais à direita não prefiram dar o seu voto a Emmanuel Macron, o candidato independente que tem estado sempre a subir nas intenções de voto, captando eleitores um pouco de todos os campos ideológicos.