Antigo presidente da CGD justifica oposição à OPA da Sonae sobre PT com o preço
O antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos disse que a oposição do banco público à OPA da Sonae se deveu ao baixo preço oferecido.
O antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Carlos Santos Ferreira disse esta quinta-feira que a oposição do banco público, que tinha uma participação relevante na operadora PT, à OPA da Sonae se deveu ao baixo preço oferecido.
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O antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Carlos Santos Ferreira disse esta quinta-feira que a oposição do banco público, que tinha uma participação relevante na operadora PT, à OPA da Sonae se deveu ao baixo preço oferecido.
"A OPA foi lançada a 6 de Fevereiro [de 2006] e a decisão do Conselho de Administração [da CGD] foi tomada a 2 de Março do ano seguinte. O valor inicial da OPA eram 9,5 euros e na primeira entrevista que dei ao fim de 20 anos, ao Jornal de Negócios, disse uma frase que na altura não caiu bem", afirmou o mesmo responsável durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à CGD.
Santos Ferreira disse que, "na verdade, a CGD não tem estas participações para defender interesses estratégicos do Estado", pois "isso cabe ao Governo". "Nós estamos aqui para ganhar dinheiro. Foi dito, está publicado", declarou, realçando: "o que eu queria dizer naquela altura é que o valor daquela OPA não era um valor que me parecesse bom para a CGD. E não era. A CGD tinha um custo de aquisição de 9,25 euros. Não era [um bom preço]”.
Questionado sobre alguns créditos concedidos pelo banco público enquanto era o seu líder, como à empresa espanhola La Seda ou para a construção do empreendimento turístico Vale de Lobos, no Algarve, Santos Ferreira assinalou que eram financiamentos iguais a tantos outros à época, quando se vivia uma situação diferente na banca portuguesa, com capital e liquidez, além de serem Projectos de Interesse Nacional (PIN).
"Quero crer para mim que nunca foi concedido um crédito com garantias de valor inferior. Não tive conhecimento que tal tivesse acontecido, nem quero crer que tal aconteceu", sublinhou.
Ao longo das cerca de quatro horas durante as quais foi ouvido, Santos Ferreira foi dando inúmeras respostas às questões dos deputados, tendo dito, por exemplo, que "se fosse hoje não aceitaria o convite feito por Teixeira dos Santos".
O responsável também assumiu o convite feito ao socialista Armando Vara para o acompanhar na transição da administração da CGD para o Banco Comercial Português (BCP), considerando que a condenação de Vara e de Francisco Bandeira pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) devido a negligências com operações aos balcões do banco público "não é uma situação normal".
Questionado sobre as explicações para as elevadas imparidades que a CGD tem actualmente e que levaram à necessidade de uma recapitalização significativa, Santos Ferreira considerou que a situação se deve à crise económica global iniciada em 2008, que atingiu duramente Portugal.