São já 22 os congressistas que não querem ver Trump a tomar posse
Críticas de Donald Trump ao congressista John Lewis, veterano da luta pelos direitos civis, geraram onda de protestos entre os democratas.
Não pára de crescer a lista de congressistas que dizem que vão estar ausentes da cerimónia de tomada de posse de Donald Trump na próxima sexta-feira. São já 22, segundo a CNN, os membros do Congresso que revelaram publicamente não estar presentes, como forma de protesto – algo inédito na história recente dos EUA.
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Não pára de crescer a lista de congressistas que dizem que vão estar ausentes da cerimónia de tomada de posse de Donald Trump na próxima sexta-feira. São já 22, segundo a CNN, os membros do Congresso que revelaram publicamente não estar presentes, como forma de protesto – algo inédito na história recente dos EUA.
A forma como Trump reagiu ao anúncio da ausência do congressista democrata John Lewis despertou uma onda de condenação entre os colegas deste. Lewis, um histórico lutador pelos direitos civis, disse no sábado que não ia assistir à tomada de posse de Trump, na sexta-feira, por não lhe reconhecer legitimidade.
"Não podemos ficar em casa quando lá entra uma coisa errada, não é correcto", disse Lewis numa entrevista à estação de televisão NBC. O congressista da Georgia disse ainda não conseguir atribuir legitimidade à eleição de Trump, à luz das revelações sobre a interferência russa durante a campanha.
O Presidente eleito transportou, uma vez mais, toda a sua fúria para o Twitter. "O congressista Lewis devia passar mais tempo a resolver os problemas do seu estado, que está péssimo e a desintegrar-se (para não dizer que está infestado de crime) em vez de estar a levantar falsos testemunhos sobre o resultado das eleições". "Só conversa, conversa, conversa — mas zero de acção. Triste".
Gerou-se de imediato uma onda de condenação às palavras de Trump. O senador republicano Ben Sasse deixou no Twitter o seu apoio a Lewis dizendo que a "conversa" do congressista mudou o mundo.
Muitos apoiantes publicaram uma fotografia de 1965, do massacre no Alabama — a polícia avançou contra uma manifestação pelos direitos civis — que ficou conhecido como Domingo Sangrento e em que se vê John Lewis, que ficou com uma fractura de crânio. Sasse, porém, disse discordar com a decisão dos congressistas em boicotar a tomada de posse: "Isto não é sobre um homem. É a celebração de uma transição de poder pacífica".
Muitos outros congressistas democratas decidiram demonstrar a sua solidariedade para com Lewis imitando o seu gesto. “Não irei assistir à tomada de posse de Donald Trump. Quando se insulta John Lewis, insulta-se a América”, escreveu no Twitter a congressista Yvette Clarke.
“Para mim, a decisão pessoal de não participar na tomada de posse é muito simples: Estou ao lado de Donald Trump ou ao lado de John Lewis? Apoio John Lewis”, afirmou o congressista da Califórnia, Ted Lieu.
A época da tomada de posse de um novo Presidente dos EUA é, tradicionalmente, uma das raras alturas em que o ambiente político em Washington se torna menos polarizado e em que se regista um consenso tácito entre democratas e republicanos para se unirem em torno do novo líder. Com Trump, esta é apenas mais uma tradição que acaba.