PETA compra acções da Louis Vuitton para a doutrinar sobre uso de peles
Associação de defesa dos animais quer convencer a marca de luxo a deixar de usar peles verdadeiras. Também já é accionista do SeaWorld, Hermès e Prada.
Quem é um dos mais recentes accionistas do grupo que detém, entre outras, as marcas de moda Louis Vuitton, Christian Dior, Fendi, Berluti, Loewe, Givenchi ou Marc Jacobs, para além das griffes de relógios como Bvulgari, Chaumet, Hublot ou TAG Heuer? A organização de defesa dos animais PETA, a sigla em inglês para Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais.
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Quem é um dos mais recentes accionistas do grupo que detém, entre outras, as marcas de moda Louis Vuitton, Christian Dior, Fendi, Berluti, Loewe, Givenchi ou Marc Jacobs, para além das griffes de relógios como Bvulgari, Chaumet, Hublot ou TAG Heuer? A organização de defesa dos animais PETA, a sigla em inglês para Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais.
Incoerência? Nem por isso. A intenção da PETA é fazer no grupo Louis Vuitton Moet Hennessey (LVMH) o mesmo que a levou a comprar acções da Hermès e da Prada há algum tempo: poder participar nas reuniões de accionistas com a administração e pressionar (ou tentar convencer, pelo menos) a empresa a deixar de usar pele exótica verdadeira nas malas, sapatos, relógios, casacos e outras peças de vestuário que fabrica.
A organização, que ficou famosa pelas suas iniciativas em que os activistas, normalmente mulheres, se despem, cobrem de sangue ou enjaulam no meio da rua, anunciou que comprou o número mínimo de acções necessário para ter o direito de participar e intervir nas reuniões anuais de accionistas e submeter propostas pedindo alterações às suas políticas. Mas não especificou quanto investiu ou quantos papéis comprou.
Cotada na Euronext de Paris, as acções da LVMH fecharam esta sexta-feira a 188,95 euros e só nos últimos três meses valorizaram-se 14,45% - e 35,43% no último ano. Como é que a PETA se financia? Com doações de, por exemplo, artistas e empresários.
Em 2013 a associação de defesa dos animais usou o mesmo truque para ter uma palavra a dizer na SeaWorld, comprando acções no grupo de aquários e parques de diversão, mas no caso para defender a libertação de orcas e golfinhos mantidos em cativeiro para os espectáculos.
A PETA tem feito diversas investigações sobre a forma de produção de pele de crocodilo, assegurada pela criação, em cativeiro, de centenas de animais, no Vietname. Os animais serão criados em poços e mortos à paulada ou esfolados ainda vivos, revelou a associação. Pelo menos duas delas terão fornecido duas fábricas de curtumes que trabalham para empresas da LVMH, que é o maior grupo de produtos de luxo do mundo em facturação.
A denúncia foi feita também num vídeo divulgado no final do ano passado, mas o grupo de luxo veio a público dizer que o seu fornecedor de pele de crocodilo do Oriente, a Heng Long, não comprava material deste género de explorações há dois anos. A directora responsável pela área do ambiente, Sylvie Bernard, disse desconhecer que haja qualquer fornecedor do grupo que use esse tipo de método para obter peles e vincou que a LVMH é “contra o sofrimento dos animais”.
Depois da SeaWorld em 2013, e antes da italiana Prada em Abril do ano passado, em 2015 a PETA comprou uma única acção da francesa Hermès, conhecida pelas malas dos modelos Kelly e Birkin. Por cerca de 350 euros (agora cada papel vale 406), conseguiu aceder à reunião anual de accionistas, onde pôde confrontar o presidente sobre o tratamento dado aos animais para conseguirem a pele. Axel Dumas não terá ficado muito surpreendido e argumentou que a marca “cumpre” a legislação internacional e até tem um código de conduta para os fornecedores. Mas avisou os activistas de que a empresa não partilha as suas posições sobre a criação de animais destinados à recolha de peles.