Morreu o arquitecto e antigo presidente do CCB Antero Ferreira
Tinha 84 anos. Paralelamente ao seu trabalho como arquitecto, dirigiu várias outras instituições públicas, entre as quais o Instituto Português do Património Cultural.
O arquitecto e antigo presidente do Centro Cultural de Belém (CCB) Carlos Antero Ferreira morreu ontem, aos 84 anos, num hospital em Lisboa, vítima de doença.
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O arquitecto e antigo presidente do Centro Cultural de Belém (CCB) Carlos Antero Ferreira morreu ontem, aos 84 anos, num hospital em Lisboa, vítima de doença.
Antero Ferreira foi professor e também director da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, tendo-se afirmado sobretudo na carreira académica, mais do que na prática profissional da arquitectura. Antes de se tornar o primeiro presidente do CCB, em 1993, dirigiu, desde 1990, o Instituto Português do Património Cultural (IPPC) — mais tarde Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico (Ippar).
Foi convidado para os dois cargos por Pedro Santana Lopes, então secretário de Estado da Cultura do Governo de Cavaco Silva. “Convidei-o pela autoridade do seu percurso académico e universitário, onde era já uma pessoa muito respeitada”, disse ao PÚBLICO o ex-governante. Acrescentou recordar de Antero Ferreira “a imagem de um homem muito calmo, educado, muito sabedor da matéria e sobretudo um construtor de soluções”, realçando também a importância que teve no lançamento do CCB, uma obra cuja construção foi rodeada de grande polémica.
Santana Lopes destacou ainda o facto de Antero Ferreira ter acompanhado a própria construção do CCB quando dirigia o IPPC. Neste instituto, geriu grandes investimentos nos domínios do património, em museus e palácios por todo o país — acrescentou Santana Lopes —, “fazendo-o sempre com grande eficácia e diplomacia”. Foi ainda presidente do conselho de administração da Fundação das Descobertas.
Também Elísio Summavielle, actual presidente do CCB, guarda de Antero Ferreira a recordação de “um homem de trato excepcional”. “Era um humanista, com interesses e actividades multifacetadas, desde a arquitectura, onde deu especial atenção à conservação do património — nomeadamente ao lado do professor Luís Aires de Barros, com quem formou nos anos 70 um grupo pioneiro na conservação do património em pedra —, até à escrita, tendo publicado vários livros de poesia e ensaio”, declarou Summavielle.
Nascido em Lisboa a 24 de Fevereiro de 1932, Carlos Antero Ferreira fez a sua formação académica nesta cidade, onde se formou em Arquitectura em 1958. Trabalhou no escritório de Cristino da Silva, mas a sua actividade como arquitecto teve sempre menos relevo do que a de académico. Paralelamente com a docência na Universidade de Lisboa, interessou-se também pelo design de imobiliário e desenvolveu actividade de consultoria.
Foi responsável pela transformação do Departamento de Arquitectura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em Faculdade de Arquitectura integrada na Universidade Técnica de Lisboa.
Recebeu várias distinções e durante a vida académica escreveu mais de 200 títulos, entre livros, ensaios e outros textos.
Segunda a família adiantou à Lusa, o velório de Antero Ferreira realiza-se hoje, a partir das 14h00, na Igreja de Santo António do Estoril. Amanhã, às 8h30, haverá uma missa de corpo presente, seguindo depois o funeral para Alcabideche, onde o corpo será cremado.