Portugal reforça vigilância de gripe das aves H5N8 que atinge a Europa
Estirpe do vírus não se transmite aos humanos mas já levou ao abate de centenas de milhares de aves em países europeus desde o primeiro caso reportado, na Hungria, em Outubro. Em Portugal não há ainda registo de nenhum caso mas a vigilância foi reforçada esta semana.
A Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) aumentou esta quinta-feira o nível de segurança na vigilância em Portugal da gripe aviária que está a afectar aves (sobretudo gansos e patos) em vários países europeus. A medida de reforço é dirigida a todos os produtores agrícolas e autoridades veterinárias regionais e foi tomada na sequência do alerta em Espanha para um foco desta doença em gansos selvagens. A estirpe H5N8 que está a alastrar na Europa, seguindo as rotas de migração das aves, não se transmite aos humanos mas pode causar elevados prejuízos aos produtores. Na China foi detectada outra estirpe mais perigosa do vírus da gripe das aves, a H7N9, que já terá infectado 100 pessoas e causado a morte a 20.
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A Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) aumentou esta quinta-feira o nível de segurança na vigilância em Portugal da gripe aviária que está a afectar aves (sobretudo gansos e patos) em vários países europeus. A medida de reforço é dirigida a todos os produtores agrícolas e autoridades veterinárias regionais e foi tomada na sequência do alerta em Espanha para um foco desta doença em gansos selvagens. A estirpe H5N8 que está a alastrar na Europa, seguindo as rotas de migração das aves, não se transmite aos humanos mas pode causar elevados prejuízos aos produtores. Na China foi detectada outra estirpe mais perigosa do vírus da gripe das aves, a H7N9, que já terá infectado 100 pessoas e causado a morte a 20.
A DGAV confirmou ao PÚBLICO que até ao fim do dia de quinta-feira não havia qualquer registo de um animal infectado em Portugal pela gripe aviária do subtipo H5N8. Porém, depois de terem sido reportados dois casos de aves selvagens (gansos) infectadas na vizinha Espanha, as medidas de vigilância activa, que já previam a recolha de aves que aparecem mortas em zonas classificadas como sendo de risco, foram reforçadas. Entre outras medidas, a DGAV refere ao PÚBLICO que os serviços de conservação da natureza e o sector da actividade venatória (caça) foram informados que devem reportar “qualquer aumento de mortalidade em espécies de vida livre”. O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) também deverá “precaver a necessária capacidade laboratorial para ocorrências em território nacional”.
A gripe aviária é uma infecção viral altamente contagiosa que pode afectar todas as espécies de aves e manifestar-se de diferentes formas, dependendo principalmente da capacidade de o vírus de causar doença (patogenicidade) e das espécies afectadas. Os surtos da doença são comuns no Inverno e na Primavera, sobretudo em países da Ásia como o China e o Japão. Neste caso, uma estirpe de gripe de alta patogenicidade, a H5N8, atinge vários países europeus. A morte de um cisne selvagem junto a um lago na Hungria foi o primeiro caso reportado de infecção por H5N8, a 28 de Outubro de 2016. Actualmente, segundo Monique Eloit, directora-geral da Organização Mundial da Saúde Animal, citada pela agência Reuters, esta estirpe já foi detectada em 18 países e já levou ao abate de 1,5 milhões de aves. Em quase todos os casos, o vírus foi detectado primeiro em aves selvagens, e só depois em explorações avícolas.
O foie gras em risco
De acordo com Monique Eloit, a migração das aves coloca sempre os países europeus em risco mas este ano estará a ser excepcional. “Na Ásia existe uma situação de casos de gripe quase permanente. Na Europa, especialmente na Europa Ocidental, esta situação é particular este ano.” França é um dos países que têm sido mais afectados por H5N8. Centenas de milhares de gansos e patos já foram abatidos na tentativa de travar o vírus. Segundo a responsável da Organização Mundial da Saúde Animal, os produtores de foie gras estão numa situação particularmente vulnerável porque os animais precisam de passar uma grande parte do tempo no exterior, ao ar livre, e por isso correm mais risco de contaminação. Já no ano passado, um surto de gripe das aves causou elevados prejuízos (os produtores apontam para perdas na ordem dos 500 milhões de euros) e este ano o H5N8 promete voltar a fazê-lo.
Depois de França e outros países na Europa: no final desta semana foram detectadas aves infectadas com H5N8 no Norte de Itália e em Espanha. Na quinta-feira, o Ministério da Agricultura espanhol confirmou, em comunicado, que o vírus foi detectado em dois gansos selvagens no Norte do país. A vigilância nas explorações avícolas foi aumentada. Itália também declarou um primeiro caso de H5N8, num pato selvagem, também no Norte do país.
Vírus atinge pessoas na China
Enquanto a Europa tenta defender-se desta estirpe, monitorizando as aves que entram no território, analisando animais doentes ou que são encontrados mortos e protegendo os que estão em explorações limitando o acesso ao ar livre, na Ásia a situação será mais grave. Cerca de dez milhões de aves já terão sido abatidas no Japão e na Coreia do Sul desde Novembro por causa do surto de uma outra estirpe, a H5N6. E na China (incluindo Macau e Hong Kong) a estirpe H7N9 não afecta só os animais: já foram detectados 106 casos de infecção em pessoas e, em Dezembro, este vírus causou 20 mortes. Neste território também foi encontrado o H5N6 e, por causa desta estirpe, abatidas mais de 175 mil aves.
Alguns vírus da gripe aviária (H5N1, H7N3, H7N7, H7N9 e H9N2) podem infectar seres humanos e, nos casos mais graves, causar mortes. O H5N8 que parece estar próximo de Portugal não é uma dessas estirpes. “Não existe qualquer caso confirmado em que esta estirpe do vírus H5N8 se tenha transmitido à espécie humana”, sublinha a DGAV ao PÚBLICO. Monique Eloit também garante que este vírus nunca foi encontrado em humanos, adiantando que é pouco provável que isso aconteça. “Historicamente, o H5N8 nunca foi referenciado como um risco para o homem.”